Uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) desarticulou nesta quinta-feira (5) um esquema milionário de lavagem de dinheiro ligado ao jogo do bicho em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Ao todo, 11 pessoas foram presas e outras duas estão foragidas. Entre os alvos da ação estão as cidades de Balneário Camboriú, Itapema, Rio do Sul, Ituporanga, São José e Florianópolis.
Batizada de “Shutdown”, a operação revelou um sofisticado sistema de apostas físicas e online usado por uma organização criminosa que movimentava milhões em dinheiro sujo. Segundo o Gaeco, foram apreendidos quase R$ 3 milhões em espécie, R$ 6 milhões em veículos de luxo, R$ 2 milhões em joias e R$ 3,5 milhões em cheques — além de lancha, iate, jet skis e mais de 500 cédulas de cheques ainda não contabilizadas.
Os mandados foram autorizados pela Justiça e executados em SC e nas cidades de Guaíba e Três Passos (RS), totalizando 34 ordens de busca e apreensão. Houve também bloqueio de contas bancárias e sequestro de bens móveis e imóveis, com valores bloqueados variando de R$ 100 a R$ 5 bilhões por CPF ou CNPJ envolvido.
De acordo com o promotor Wilson Paulo Mendonça Neto, coordenador do Gaeco, o grupo usava empresas de fachada e movimentações financeiras incompatíveis com a renda declarada. A operação atingiu dois sistemas distintos de apostas vinculados ao jogo do bicho, ambos administrados por um grupo gaúcho, com apostas presenciais e digitais.
A quadrilha operava inclusive na terceira fase da lavagem de dinheiro, chamada de “integração”, quando o capital ilícito é inserido formalmente na economia, o que potencializa o impacto social e institucional do esquema. Segundo os investigadores, até 100 pessoas podem estar ligadas à estrutura criminosa.