Oposição articula anistia enquanto STF julga Bolsonaro

Deputados defendem perdão a envolvidos nos atos de 8 de janeiro; parlamentares de SC estão entre os articuladores

Joca Baggio

Publicado em: 2 de setembro de 2025

4 min.
Oposição articula anistia enquanto STF julga Bolsonaro

Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) julga Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, lideranças da oposição se reuniram nesta terça-feira (2), em Brasília, para discutir a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. O encontro ocorreu na residência do deputado Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara.

Zucco classificou o julgamento como “um dia histórico, mas extremamente negativo” e defendeu que a anistia seja votada imediatamente no plenário do Congresso. “Temos a maioria do Congresso e dos líderes que apoiam essa pauta. […] Entendemos que é um passo importante para pacificar o país”, afirmou.

A deputada Carolina de Toni (PL-SC), que lidera a minoria, reforçou as críticas à condução do processo no STF. Segundo ela, o julgamento seria “nulo” e marcado por parcialidade. “Não há provas robustas de crime cometido. Isso é uma revanche política”, declarou. O catarinense é uma das principais vozes da bancada estadual no apoio à anistia, medida que, se aprovada, teria repercussão direta em Santa Catarina, estado que registrou manifestações significativas em 2023.

Já o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) afirmou que o país atravessa um “estado de exceção” e que cabe ao Congresso intervir. Ele também defendeu a anistia como instrumento de “pacificação”.

A articulação deve ser apresentada ainda hoje na reunião de líderes partidários da Câmara, marcada para as 14h. Zucco disse acreditar que já existem votos suficientes para levar o tema adiante.

Na outra ponta, parlamentares governistas rechaçam a proposta. O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) avaliou que os crimes investigados são “extremamente graves” e lembrou que, segundo a acusação, planos golpistas poderiam ter chegado à eliminação física de autoridades, incluindo o presidente Lula, o ministro Alexandre de Moraes e o vice-presidente Geraldo Alckmin. “Crime contra o Estado Democrático de Direito não é passível de anistia. É uma cláusula pétrea”, afirmou.

O julgamento no STF segue ao longo desta e da próxima semana. Já no Congresso, o debate sobre anistia deve ampliar a polarização política, com forte impacto também em Santa Catarina, onde parlamentares locais ocupam posições centrais no embate.



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