A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta quarta-feira (3) o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus acusados de integrar o núcleo principal da trama golpista. A análise do caso será retomada na próxima terça-feira (9), quando os ministros começarão a proferir seus votos. O processo tem oito sessões marcadas, nos dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro.
As possíveis penas ultrapassam 30 anos de prisão. Durante a sessão, os advogados de quatro réus apresentaram suas defesas. José Luis Mendes de Oliveira Lima, responsável pela defesa do general Walter Braga Netto, afirmou que seu cliente corre o risco de “morrer na cadeia” com base em uma “delação premiada mentirosa” do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
A defesa de Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), alegou que ele teria se afastado do ex-presidente e nunca participou de conversas sobre tentativa de golpe. Já o advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, declarou que não existe “uma única prova” contra o ex-presidente, argumentando que ele foi “dragado” pelas investigações da Polícia Federal.
Outro réu, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, também teve sua defesa apresentada. Segundo seu advogado, ele teria tentado convencer Bolsonaro a desistir de ações que poderiam configurar um golpe de Estado. As falas marcaram o encerramento do espaço dado às defesas nesta fase do julgamento.
Na retomada, o primeiro voto será do relator Alexandre de Moraes, que analisará pedidos das defesas, como a anulação da delação de Mauro Cid, alegações de cerceamento e questionamentos sobre a competência do STF. Depois dele, votarão Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A condenação ou absolvição dependerá da maioria simples, ou seja, três dos cinco ministros da turma.