O advogado José Luis Mendes de Oliveira Lima, conhecido como Juca, afirmou nesta quarta-feira (3) que o general Walter Braga Netto corre o risco de passar o resto da vida na prisão por causa do que classificou como uma “delação premiada mentirosa” do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Braga Netto foi ministro da Casa Civil e candidato a vice na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022.
Segundo o defensor, Mauro Cid prestou depoimentos após permanecer quatro meses preso e chegou a admitir, em áudios revelados pela revista Veja, ter sido pressionado a falar. De acordo com Juca, o militar apresentou 15 versões diferentes sobre os fatos, incluindo a acusação de que recebeu uma sacola de vinho cheia de dinheiro para financiar atos do golpe.
A defesa ressaltou que essa versão sobre o dinheiro surgiu somente 15 meses depois do primeiro depoimento de Cid, e após a própria delação ter sido colocada em dúvida pelo ministro Alexandre de Moraes, devido às contradições nas declarações. Para Juca, o tenente-coronel é “irresponsável” e um “artista de péssima qualidade”.
O advogado também destacou que documentos da investigação mostram que supostas ações para viabilizar o golpe, como deslocamentos de agentes, foram pagas com cartão de crédito, e não em espécie. Ele criticou ainda o procurador-geral da República por, em mais de 500 páginas de alegações finais, não apresentar provas além da palavra de Mauro Cid para pedir a condenação de Braga Netto.