Brasil
Seis feminicídios são registrados em 24 horas no RS
Diante da escalada de violência trágica, a Polícia Civil anunciou mudanças emergenciais

Por
Érik Borges

Em apenas um dia, o Rio Grande do Sul foi palco de uma tragédia silenciosa, mas devastadora: seis mulheres foram brutalmente assassinadas por ex-companheiros em seis cidades diferentes. Os crimes ocorreram em menos de 24 horas, entre a madrugada e a noite de sexta-feira (18), revelando a dimensão de um problema que insiste em sangrar a sociedade brasileira: o feminicídio.
As vítimas tinham idades entre 21 e 54 anos. Nenhuma delas contava com medida protetiva. As circunstâncias variam — algumas foram mortas em casa, outras na rua, uma delas grávida —, mas o fio condutor é o mesmo: o autor foi alguém com quem elas já tiveram uma relação afetiva.
Os rostos por trás das estatísticas
Raíssa Muller, de 21 anos, foi morta a facadas dentro da própria casa, no município de Feliz, junto com seu atual namorado, Eric Richard de Oliveira Turato, de 24. O ex, Vinícius Britz, confessou o crime e foi preso em flagrante.
Poucas horas depois, em Parobé, Caroline Machado Dorneles, de 25 anos, grávida de três meses e mãe de uma menina de cinco, foi assassinada em plena rua. O ex-companheiro, principal suspeito, está foragido.
Em São Gabriel, por volta do meio-dia, Juliana Proença Luiz, de 47 anos, foi esfaqueada em casa por Gilberto Batista, ex-companheiro com quem mantinha uma relação conturbada. Ele foi detido logo após o crime.
Simone Andrea Meinhardt, de 49 anos, foi morta de forma semelhante em Santa Cruz do Sul. O agressor, também um ex, foi preso em flagrante.
Já em Viamão, Patrícia Viviane de Azevedo, de 50 anos, foi executada a tiros. O ex-namorado é procurado pela polícia.
A última vítima do dia foi Jane Cristina Montiel Gobatto, de 54 anos, assassinada em casa, em Bento Gonçalves. O nome do suspeito ainda não foi divulgado.
O Estado reage, mas o atraso é visível
Diante da escalada de violência, a Polícia Civil anunciou mudanças emergenciais. A partir da próxima semana, mulheres vítimas de violência doméstica poderão solicitar medidas protetivas pela internet, sem a necessidade de se deslocar até uma delegacia. A medida visa eliminar barreiras burocráticas que muitas vezes desestimulam denúncias e colocam vidas em risco.