Artigo | Crônica
O BRASIL DA COP30: UM CHAMADO PARA AÇÃO
O desafio atual não é mais comprovar que o clima está mudando, pois isso já está evidenciado. A questão agora é como mudar a mentalidade de governos e organizações para adotar ações efetivas.
Por Gisele Victor Batista, Coordenadora de Mobilização do Movimento ODS SC
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Em novembro de 2025, Belém do Pará será palco da COP30 (30ª Conferência das Partes) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Pela primeira vez sediado na Amazônia, o evento ocorrerá em um momento crítico, em que o planeta enfrenta os impactos mais severos da crise climática. Com 2024 registrado como o ano mais quente da história e 2025 mantendo essa tendência alarmante, a realização da COP 30 no Brasil representa não apenas uma escolha geopolítica, mas uma oportunidade de afirmação ética em relação à sustentabilidade.
AURGÊNCIA CLIMÁTICA DEIXOU DE SER APENAS UM ALERTA CIENTÍFICO.
Há mais de 35 anos, desde o primeiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em 1990, a ciência já apontava os riscos do aquecimento global e seus impactos sobre a economia e a saúde do planeta. No entanto, a ausência de respostas à altura transformou o tema, antes restrito a relatórios técnicos e tratados internacionais, em uma realidade que afeta o cotidiano de bilhões de pessoas. Os eventos extremos, como o desastre climático no Rio Grande do Sul, em maio de 2024, evidenciam os danos: colapso de sistemas agroindustriais, destruição de cidades, perdas humanas e impactos econômicos severos.
O desafio atual não é mais comprovar que o clima está mudando, pois isso já está evidenciado. A questão agora é como mudar a mentalidade de governos e organizações para adotar ações efetivas. É urgente criar mecanismos de financiamento climático acessíveis aos países em desenvolvimento, que são os mais vulneráveis aos impactos, e acelerar uma transição energética justa e sustentável.
Isso pressupõe o abandono gradual da dependência global de combustíveis fósseis, um modelo ultrapassado que tem intensificado a crise climática.
A COP DO BRASIL E PROPOSTA PARA UMA NOVA GOVERNANÇA CLIMÁTICA GLOBAL
A realização da COP30 no Brasil representa uma oportunidade histórica de transformar a diplomacia climática, até então centrada em negociações, em um novo ciclo de implementação efetiva do Acordo de Paris (COP21, 2015). Emcarta publicada em 10 de março, a presidência brasileira da conferência lançou um alerta contundente: a crise climática deixou de ser uma previsão técnica e tornou-se parte do cotidiano. Enchentes, secas prolongadas e desastres ambientais desafiam ecossistemas e afetam de forma desproporcional as populações mais vulneráveis. O documento afirma que Belém deve se tornar um ponto de inflexão na governança climática internacional e todos os setores da economia e sociedade precisam fazer parte deste processo.
Entre os temas prioritários estão a revisão das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), com metas mais ambiciosas e alinhadas à ciência; a efetivação do financiamento climático, fundamental para assegurar equidade nas ações de mitigação e adaptação; e o avanço rumo a uma transição energética justa, especialmente relevante para os países do Sul Global.
A presidência brasileira da COP30 convoca governos, setor privado, academia, sociedade civil e comunidades tradicionais para um “mutirão climático global”, inspirado no conceito ancestral indígena de cooperação coletiva – “Motirõ”, em tupi-guarani. O apelo é sobre a necessidade de uma governança compartilhada que articule soluções sistêmicas, inclusivas e financeiramente viáveis como caminho para retomar o desenvolvimento sustentável. A mensagem da presidência é clara: não há mais espaço para a banalidade da inação e é preciso transformar compromissos em realidade.
Nesse cenário, o setor empresarial assume papel estratégico, pois investir em inovação, integrar riscos climáticos às decisões e promover modelos de baixo carbono tornou-se uma postura ética e de sobrevivência do próprio negócio. As organizações que se antecipam às mudanças estarão mais preparadas para enfrentar riscos físicos, reputacionais e regulatórios, ao mesmo tempo que contribuirão de forma decisiva ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.
Quer saber mais sobre iniciativas de sustentabilidade? Acesse: @giselevictorbatista
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Fonte de pesquisa:
Brasil – COP30 – Belém 2025 – https://cop30.br/en/brazilian-presidency/letter-from-the-brazilian-presidency