O ponto certo entre tradição e empreendedorismo
Conheça a história da costureira que, entre tecidos e bandeirinhas, fez dos trajes juninos o fio condutor de um sonho com renda o ano todo

Por
Leticia Matos

Em meio aos tecidos coloridos, rendas e bandeirinhas, Ana Cardoso costura memórias e transforma a tradição das festas juninas em um potente exemplo de empreendedorismo feminino. A catarinense, nascida em Lauro Müller e morando em Tubarão há 15 anos, encontrou na costura o caminho para resgatar uma paixão de infância e construir um negócio único na região Sul de Santa Catarina: uma loja especializada exclusivamente em trajes para festas juninas.
“Quando eu era criança, nunca tive um vestido de quadrilha para ir às festas da escola. Hoje, sou a única da região que oferece uma loja toda direcionada somente para as festas juninas”, conta Ana, que há 13 anos se dedica a esse mercado sazonal, mas intenso. Apesar de as festas acontecerem majoritariamente em junho, ela costura o ano inteiro — e já chegou a virar duas noites sem dormir para atender à demanda.
O talento de Ana não surgiu por acaso: desde pequena, ela se metia a costurar na máquina da mãe, Clesia Cardoso da Luz, que sempre trabalhou como costureira em casa. Foi com ela que Ana aprendeu os primeiros pontos. E, até hoje, mantém viva essa herança: continua costurando com a mesma máquina da mãe, símbolo de uma tradição passada de geração em geração.
Com dedicação e amor pela cultura popular, Ana transformou uma habilidade artesanal em um empreendimento criativo e rentável. Além dos vestidos e camisas juninas, sua produção inclui gravatas, tiaras, laços, retalhos autocolantes e uma série de acessórios personalizados que conquistam clientes de todas as idades. Tudo é feito à mão por ela, com exclusividade.
Apesar de trabalhar sozinha na produção das peças, Ana conta com o apoio de uma funcionária que cuida das redes sociais e da comunicação da marca. O perfil @trajesjuninos, no Instagram, tem sido um canal fundamental para expandir as vendas, que já alcançam todo o Brasil.
“Muitas pessoas comentam que a festa junina ocorre uma vez por ano, mas eu costuro o ano todo. Trabalhar com o que amamos transforma a profissão em lazer. Me sinto realizada quando vejo uma criança com o traje que eu produzi. A felicidade delas é a minha maior recompensa”, diz emocionada.
Mais do que confeccionar roupas, Ana Cardoso está preservando uma tradição cultural e dando voz a muitas mulheres que, como ela, encontraram no artesanato uma forma de autonomia econômica e realização pessoal. Sua história é um lembrete de que o pequeno negócio pode ter um grande impacto, especialmente quando bordado com paixão, resiliência e identidade.
O mercado de trajes típicos tem crescido em Santa Catarina, especialmente durante os meses que antecedem o período junino. A presença de empresas especializadas em aluguel de roupas, como a Grife Junina, em São José, e o Vestidos de Festa Junina, em Criciúma, demonstra o potencial econômico do setor. Essas empresas oferecem trajes para todas as idades e ajudam a manter viva a tradição, mesmo entre aqueles que optam por alugar em vez de comprar.
Integrando esse cenário de valorização cultural e geração de renda, a loja Ana Cardoso Trajes Juninos se destaca como exemplo inspirador de como o trabalho artesanal pode se transformar em um negócio sólido e inovador.