SC terá microrreatores nucleares em projeto da Diamante
Com apoio de R$ 30 milhões da Finep, empresa avança em reatores nucleares compactos para municípios isolados

Por
Leticia Matos

O grupo Diamante Energia, responsável pela gestão do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda em Capivari de Baixo, firmou nesta terça-feira (17) contrato com a Finep para desenvolver tecnologias voltadas a microrreatores nucleares no Brasil.
O investimento total é de R$ 50 milhões — sendo R$ 30 milhões fornecidos pela Finep e R$ 20 milhões de contrapartida da Diamante — e envolverá nove instituições, entre universidades e centros de pesquisa, inclusive a UFSC.
A tecnologia em desenvolvimento inclui uma Unidade Crítica (UCri) de 100 W para testes de segurança e modelos neutrônicos, bem como bancadas experimentais focadas na transferência termohidráulica e termomecânica. As primeiras unidades compactas, com potência estimada em 5 MW dentro de contêineres, devem entrar em operação entre 2033 e 2035.
Segundo Pedro Litsek, presidente da Diamante Energia, a iniciativa faz parte da transição energética justa no Sul de SC, oferecendo energia estável em regiões remotas, data centers e indústrias, além de fomentar empregos qualificados. A ministra Luciana Santos reforçou o caráter inovador, seguro e de baixa emissão de carbono dos microrreatores.
Envolvimento catarinense
A maturação tecnológica prevista no contrato inclui a participação ativa da UFSC, reforçando o protagonismo de Santa Catarina na pesquisa nuclear nacional. A capacitação técnica deve ser aplicada também para viabilizar pequenos municípios do estado, muitos deles hoje dependentes de geradores a diesel ou infraestrutura flutuante.
Segurança energética e impacto local
O Complexo Jorge Lacerda já era reconhecido como estratégico para o fornecimento de energia. Agora, com o desenvolvimento de microrreatores, o Sul catarinense pode se tornar um polo de inovação nuclear, com impacto direto em Capivari de Baixo e municípios vizinhos, potencialmente contribuindo para descarbonização e diversificação da matriz energética local.
↪ Próximos passos
O projeto passa agora à fase de montagem da UCri e continuidade dos testes em instalações no Rio de Janeiro e Minas Gerais. A meta é atingir o nível de maturidade tecnológica TRL 6 em três anos.