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Cessar-fogo instável: tensão cresce entre Irã e Israel
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou a vigência do cessar-fogo entre Israel e Irã, estabelecido após uma intensa troca de ataques
Na manhã desta terça-feira (24), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou a vigência do cessar-fogo entre Israel e Irã, estabelecido após uma intensa troca de ataques entre os dois países. Apesar da declaração americana, combates continuaram após o anúncio inicial, com o Irã negando ter aceitado os termos do acordo naquele momento. Autoridades iranianas comemoraram o que chamam de “vitória” sobre Israel, alegando que Tel Aviv teria recorrido aos EUA para intermediar o cessar-fogo. Ainda assim, os dois lados afirmam estar monitorando os movimentos inimigos.
O conflito se agravou após ataques israelenses contra alvos em Teerã na noite de segunda-feira, resultando na morte de dois líderes da milícia Basij, ligada à Guarda Revolucionária Iraniana. Em retaliação, o Irã lançou a 22ª ofensiva de mísseis, atingindo centros militares israelenses. A Força de Defesa de Israel (FDI) confirmou ter interceptado a maioria dos projéteis, mas admitiu que alguns atingiram a cidade de Berseba, matando quatro civis. Imagens divulgadas pelas FDI mostram a destruição provocada por um dos ataques.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Kartz, acusou o Irã de violar o cessar-fogo e prometeu uma resposta militar enérgica. Já Donald Trump afirmou que ambos os países descumpriram o acordo, ressaltando que o Irã deveria ter cessado os ataques primeiro, o que daria a Israel mais tempo para bombardear Teerã antes da trégua oficial. Por outro lado, o chanceler iraniano Seyed Abbas Araghchi negou a existência de qualquer cessar-fogo aceito por Teerã.
O pano de fundo da escalada está na preocupação israelense de que o Irã esteja próximo de desenvolver uma arma nuclear. Em resposta, os Estados Unidos bombardearam três instalações nucleares iranianas no último sábado (21). O Irã insiste que seu programa nuclear é pacífico e afirma que estava em negociações com os EUA dentro dos termos do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), do qual é signatário.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) declarou não ter provas de que o Irã esteja construindo uma bomba atômica, mas apontou falhas no cumprimento das obrigações do país. O Irã, por sua vez, acusa a AIEA de agir com viés político e sob influência de potências ocidentais aliadas a Israel. Embora os EUA tenham informado em março que o Irã não desenvolvia armas nucleares, o próprio presidente Trump agora questiona essa avaliação. A tensão se agrava ainda mais diante da suspeita, amplamente sustentada por analistas, de que Israel mantém um arsenal nuclear secreto desde os anos 1950.