Goleiro amador vira herói em vitória do Porto
Aos 44 anos, Heverton estreia como profissional, garante vitória e promete ajudar elenco jovem do clube de Porto União

Por
Leticia Matos
Aos 44 anos, Heverton viveu uma virada histórica: de uma quarta-feira comum com cerveja e batata frita na frente da TV à estreia como goleiro profissional no Campeonato Catarinense da Série B. O jogador foi decisivo na vitória do Porto sobre o Metropolitano, resultado que surpreendeu o cenário estadual.
Natural de Porto União, no Planalto Norte catarinense, Heverton foi chamado às pressas para reforçar o time, que enfrentava dificuldades com elenco reduzido e precisava de ajuda para manter-se competitivo na competição. “Recebi a ligação, levantei os documentos e já estava regularizado no BID em dois dias. Fui para o jogo com apenas um treino”, contou ele em entrevista à Rádio Cidade Tubarão, no programa Central do Esporte, nesta quinta-feira (3).
Apesar do improviso, sua atuação foi elogiada. O goleiro, que ainda atua no futebol amador e é empresário na região, destacou a receptividade dos atletas mais jovens do elenco e fez questão de reconhecer o esforço do grupo. “A vitória é mérito deles. Eu só ajudei do meu jeito, com algumas defesas. A garotada segurou a bronca”.
O impacto do feito ganhou repercussão não só em Porto União, mas em todo o estado. Mensagens de apoio e até pedidos pela camisa usada no jogo começaram a chegar. “A camisa ficou com minha esposa, foi meu pagamento simbólico. Mas já estou vendo com a empresa do uniforme para fazer mais, com dedicatória. Se puder reverter isso em ajuda para o clube, melhor ainda”.
O clube, que tem estrutura modesta, é comandado pelo presidente Israel e enfrenta desafios financeiros na Série B. Heverton fez questão de se deslocar com os atletas até o alojamento após o jogo e testemunhou as dificuldades vividas pelos jovens. “Eles merecem muito respeito. Estão longe de casa, correndo atrás de um sonho, em condições difíceis. É o mínimo tentar retribuir”.
O goleiro deve seguir com o Porto até o fim da participação no estadual. O contrato vai até novembro, e ele está confirmado para os próximos compromissos fora de casa, incluindo a partida contra o Tubarão. “Já estive aí, cidade linda. Vou com sangue nos olhos, e se sobrar uma camisa, faço questão de deixar para a Rádio Cidade”.
A estreia improvável de Heverton reforça o papel do futebol como espaço de histórias humanas, esforço coletivo e superação. A vitória sobre o Metropolitano não foi apenas um placar: foi uma lição de que paixão, mesmo fora do padrão, ainda movimenta o esporte em Santa Catarina.