Saúde
Envelhecimento acelera aos 44 e 60 anos, revela estudo
Pesquisas destacam marcos biológicos que exigem atenção à saúde em fases específicas da vida
O envelhecimento é um processo natural e inevitável, que acompanha todos os seres humanos ao longo da vida. Embora ocorra de forma contínua, estudos recentes indicam que esse processo não se dá de maneira uniforme. Pesquisadores identificaram dois momentos-chave em que as transformações biológicas se intensificam significativamente: por volta dos 44 e dos 60 anos de idade. Essa descoberta, publicada em 2024 por centros de pesquisa internacionais, têm implicações diretas sobre a saúde pública e o estilo de vida da população.
A pesquisa foi conduzida com base na análise de milhares de indivíduos com idades entre 25 e 75 anos. Os resultados mostraram que, nesses dois marcos etários, ocorrem mudanças expressivas no DNA, nas proteínas e no microbioma — o conjunto de micro-organismos que influenciam diversas funções vitais do corpo. Essas alterações afetam diretamente a capacidade do organismo de metabolizar substâncias como álcool e cafeína e comprometem proteínas fundamentais para a integridade dos tecidos musculares, cutâneos e vasculares.
Entre os efeitos mais comuns dessa aceleração biológica estão a maior sensibilidade a bebidas estimulantes, a redução da massa muscular, alterações na textura e elasticidade da pele e oscilações na pressão arterial. Essas mudanças podem parecer sutis à primeira vista, mas são indicativas de um ponto de inflexão no ritmo fisiológico do envelhecimento. A partir dessas idades, práticas que antes eram toleradas — como alimentação rica em gorduras saturadas, sedentarismo e consumo frequente de álcool — tornam-se mais prejudiciais e podem acelerar o surgimento de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes tipo 2 e distúrbios metabólicos.
Essas descobertas ganham ainda mais relevância em estados como Santa Catarina, que apresenta uma das maiores expectativas de vida do país, chegando a 79,6 anos, segundo o IBGE. Com uma população cada vez mais longeva, o reconhecimento desses períodos críticos representa uma oportunidade estratégica para o fortalecimento de políticas públicas voltadas à prevenção. Campanhas de saúde e programas de atenção primária podem ser mais eficazes se considerarem essas janelas biológicas para a promoção de hábitos saudáveis.
Durante essas fases de aceleração do envelhecimento, o corpo também passa a demonstrar sinais de menor eficiência na digestão, absorção e aproveitamento de nutrientes. A força muscular tende a diminuir, assim como a elasticidade da pele, e o sistema circulatório pode apresentar maior propensão a variações de pressão arterial e ritmo cardíaco. Além disso, o equilíbrio hormonal e a resposta imunológica se tornam menos estáveis, exigindo maior atenção à saúde como um todo.
Diante dessas transformações, especialistas recomendam mudanças consistentes no estilo de vida. A prática regular de atividades físicas, como caminhadas, musculação leve e alongamentos, é essencial para preservar a força e a flexibilidade. A alimentação deve priorizar frutas, verduras, proteínas magras e grãos integrais, favorecendo o funcionamento metabólico. A redução do consumo de álcool e cafeína pode evitar a sobrecarga de um organismo que já apresenta queda de desempenho. O controle do estresse, por meio de práticas como meditação, respiração consciente e técnicas de relaxamento, também tem papel relevante na manutenção do equilíbrio emocional e hormonal. Além disso, exames periódicos e acompanhamento médico regular permitem a detecção precoce de alterações na saúde, aumentando as chances de intervenção eficaz.
A compreensão de que o envelhecimento não é um processo uniforme, mas sim marcado por picos de intensificação biológica, representa um avanço na forma como lidamos com a longevidade. Reconhecer os 44 e os 60 anos como momentos estratégicos para intervenções preventivas permite que cada pessoa adapte sua rotina e tome decisões mais conscientes sobre o autocuidado. Ao agir no tempo certo, é possível não apenas prolongar a vida, mas garantir que ela seja vivida com autonomia, vitalidade e bem-estar. Envelhecer, nesse novo olhar científico, deixa de ser um declínio inevitável e passa a ser um processo de transformação — com desafios, mas também com oportunidades.