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Florianópolis vai ter novo Centro de Memória e Cultura

Cotidiano
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Florianópolis vai ter novo Centro de Memória e Cultura

Novo espaço será na antiga Escola de Educação Básica Antonieta de Barros após restauração

A Prefeitura de Florianópolis vai realizar mais uma importante obra no Centro da cidade. Desta vez, a restauração da antiga Escola de Educação Básica Antonieta de Barros doada ao município pelo governo do Estado, localizado na esquina da Rua Victor Meirelles com a Rua Saldanha Marinho, para criação do Centro de Memória e Cultura Professora Antonieta de Barros.

A ordem de serviço para início das obras será dada pelo prefeito Topázio Neto, às 16h, da próxima sexta-feira (11), em cerimônia no pátio lateral da escola, que contará com apresentação musical e interpretação em memória da professora, jornalista e política Antonieta de Barros. Afinal, a data foi escolhida em comemoração aos 124 anos do seu nascimento.

A proposta é a de que o Centro de Memória e Cultura Professora Antonieta de Barros seja um ambiente agregador, formativo, difusor e de valorização dos aspectos culturais de origem africana e afro-brasileira, bem como dos elementos alusivos à trajetória de vida e profissional da Professora Antonieta de Barros. Assim sendo, o espaço voltará a ser utilizado pela sociedade, que poderá desfrutar tanto do acervo do Museu Antonieta de Barros quanto do Centro de Memória, Cultura e Arte Negra Catarinense.

Na obra, a ser conduzida pela Secretaria de Infraestrutura e Manutenção da Cidade e executada pela empreiteira Litoral Engenharia e Construções LTDA – EPP, serão investidos R$ 4.499.000,00. Do montante, R$ 4.102.061,22 são provenientes de outorga onerosa por meio do Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano, e R$ 396.938,78, disponibilizados através de emenda parlamentar da vereadora Carla Ayres. Já a obra tem prazo de conclusão de um ano.

Segundo informações da Secretaria de Estado da educação, o Colégio Cenecista Antonieta de Barros foi autorizado a funcionar através da portaria ministerial nº 309, de 23 de março de 1953, quando Florianópolis completava 280 anos. Já o prédio foi tombado como patrimônio histórico pela própria Prefeitura de Florianópolis, em 1986. Cedida à Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), a unidade educacional retornou para o Estado em 2004, e atendeu estudantes da rede estadual até 2007. Ao final, o colégio chamava-se Escola de Educação Básica Antonieta de Barros.

A obra

A edificação da antiga escola estadual tem uma área total de 928,99 metros quadrados. Em linhas gerais, ela passará por reforço e recuperação estrutural, e aperfeiçoamento das instalações complementares.

Internamente, entre os serviços previstos está o restauro da estrutura em concreto armado em geral do prédio; a retirada de uma escada construída após a inauguração da escola que descaracterizou o layout original; o restauro de pisos, forros, esquadrias e paredes, e substituição de toda a cobertura por laje impermeabilizada. Assim como novas instalações elétricas (com construção de casa de medição para a nova entrada de energia com transformador em poste), preventivas contra incêndio e hidrossanitárias (com construção de reservatório d’água para consumo e reserva técnica de incêndio com casa de bombas), e implantação de sistema de cabeamento estruturado, climatização e elevador voltado especialmente a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

Externamente, haverá a reconstituição da fachada, a reforma e atualização da área de fora do edifício, paisagismo dos canteiros, e implantações de guarda-corpo nas escadas e de gradil sobre o muro de pedra, ambos de vidro.

O espaço cultural

À princípio, o Museu Antonieta de Barros vai ser instalado no piso superior do edifício com livros, reproduções de cartas e de imagens, poemas, discursos, entrevistas e exibições de documentários relativos à essa personalidade tão marcante para a história de Florianópolis, de Santa Catarina e do Brasil – e contará com miniauditório (a exemplo do Museu de Florianópolis) para eventos.

Enquanto o espaço do Centro de Memória, Cultura e Arte Negra Catarinense, no mesmo andar, vai ser destinado à valorização e trajetória de grupos sociais e indivíduos, e de práticas culturais negras no Estado. Nele serão expostos materiais considerados antigos e raros, reproduções de imagens e mostras de audiovisuais. Para tanto, ambos os ambientes serão estruturados com telas interativas, entre outros equipamentos. Mas, além disso, o Centro de Memória e Cultura Professora Antonieta de Barros também terá uma sala com acervo permanente do artista e professor Franklin Cascaes, no que remete à arte e cultura negra.

Sendo que, ainda neste piso, outras duas áreas prometem ser bastante interessantes para os visitantes. Afinal, o pátio interno deverá ser usado para exposições temporárias e/ou itinerantes ou de acervo permanente e de comodatos, e o pátio externo para práticas culturais diversas como feiras, apresentações, ensaios, mostras, encontros, atos e rodas de conversas. Além disso, o andar contará com uma sala para reserva técnica.

O térreo do prédio, o andar de recepção do público, contará com espaços voltados a ações culturais de curta e média duração como oficinas de dança, teatro, capoeira, práticas de leitura e formação de leitores, desenho, música; contação de histórias; lançamentos de livros; exibição de documentários e de outros gêneros de filmes, e debates públicos, entre outras. Esse mesmo piso ainda terá salas de apoio para guarda de equipamentos, banheiros públicos, e pequena cozinha e copa para os trabalhadores do lugar.

Vale ressaltar que todo o uso e ocupação desse edifício foi amplamente discutido entre o gabinete do prefeito e os coletivos sociais envolvidos nesse planejamento.

Antonieta de Barros

Em 2023, o nome de Antonieta de Barros foi merecidamente eternizado no Livro de Aço dos heróis e heroínas nacionais do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na capital federal, em Brasília.

Segundo a Cátedra Antonieta de Barros: Educação para a Igualdade Racial e Combate ao Racismo da UFSC, que integra programa da UNESCO/Rede UNITWIN (University Twinning and Networking Scheme), Antonieta de Barros, nasceu em Florianópolis no dia 11 de julho de 1901. Ela destacou-se por ter assumido uma das cadeiras da Assembleia Legislativa de Santa Catarina em 1935 como uma das primeiras mulheres eleitas e a primeira negra a ter um mandato popular, no Brasil.

No parlamento, foi ativa defensora da emancipação feminina e de uma educação de qualidade para todos, e autora do projeto de lei que criou o Dia do Professor e o feriado escolar que marca a data, no Estado, o que viria a ser oficializado em todo País somente 20 anos depois.

Antes disso, no entanto, Antonieta de Barros já era notável professora formada pela Escola Normal Catarinense. Fundou em 1922, na cidade natal, o Curso Antonieta de Barros, com o objetivo de alfabetizar pessoas sem condições financeiras — o qual dirigiu por 30 anos, até sua morte – tendo também lecionado Português e Literatura em importantes colégios de Florianópolis.

Já como cronista, escreveu mais de mil artigos em oito veículos e criou a revista Vida Ilhoa, e, em 1937, publicou o livro “Farrapos de Ideias”, cujos lucros da primeira edição foram doados para construção de uma escola para abrigar crianças filhas de pais internados no leprosário Colônia Santa Tereza.

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