Economia
Tensão com EUA preocupa SC; indústria e governo federal
Lula critica revogação de vistos e tarifaço; FIESC alerta para prejuízos nas exportações catarinenses

Por
Joca Baggio
A escalada de tensão entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos tem mobilizado o setor produtivo e o governo federal. Neste sábado (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota em que classificou como “arbitrária” e “inaceitável” a revogação dos vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo governo americano. A medida, anunciada pelo ex-secretário de Estado Marco Rubio, afeta diretamente o ministro Alexandre de Moraes e familiares, ampliando a crise diplomática entre os dois países.
Além da questão diplomática, cresce a apreensão diante da ameaça de um tarifaço sobre produtos brasileiros. A carta enviada pelo ex-presidente Donald Trump ao presidente Lula, na qual anuncia uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras a partir de 1º de agosto, acendeu o alerta máximo no setor industrial, especialmente em Santa Catarina — estado que exportou mais de US$ 1,7 bilhão para os EUA em 2023.
Segundo o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, os efeitos práticos já começaram a ser sentidos: clientes americanos estão pedindo a suspensão de embarques até que haja maior clareza sobre as tarifas. “O ônus será para toda a sociedade. Reconquistar um cliente perdido por medidas unilaterais é caro e difícil. Precisamos de diálogo, não de retaliações”, afirmou.
Lula, por sua vez, se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para discutir saídas diplomáticas. O governo brasileiro estuda responder com base na Lei de Reciprocidade Econômica, mas também busca evitar escalada no conflito.
Enquanto isso, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, lidera negociações com setores produtivos para tentar barrar a tarifa antes do dia 31. Segundo a Amcham Brasil, até 10 mil empresas brasileiras podem ser afetadas, o que impactaria diretamente 3,2 milhões de empregos no país.
Em Santa Catarina, onde os Estados Unidos são o principal destino das exportações, a tensão internacional mobiliza empresários e autoridades. A expectativa é de que as tratativas avancem nos próximos dias e que prevaleça uma solução negociada para evitar perdas irreparáveis ao setor produtivo catarinense.