Cotidiano
Três anos após enchente, 40 famílias seguem sem moradia
Estado liberou verba para 42 casas, mas prefeitura de Tubarão ainda não comprou terrenos; aluguel social é paliativo

Por
Joca Baggio
Três anos após a enchente de maio de 2022, que devastou bairros inteiros em Tubarão, cerca de 40 famílias ainda vivem sem moradia definitiva. O caso mais emblemático é o do bairro Km 60, onde parte da margem do rio desmoronou, deixando dezenas de moradores desabrigados. Até hoje, essas pessoas dependem do aluguel social, benefício que não cobre os altos valores do mercado imobiliário local.
A boa notícia veio com o anúncio do governo do Estado, que liberou recursos para a construção de 42 casas populares. No entanto, a Prefeitura de Tubarão ainda precisa adquirir os terrenos para que as obras possam começar. Segundo o prefeito Estener Soratto, a compra será feita de forma parcelada, por falta de recursos imediatos.
Cada casa custará em torno de R$ 80 mil, com 56 metros quadrados de área construída. As famílias que receberão as moradias precisarão se enquadrar nos critérios de carência da Secretaria de Assistência Social, com base no Cadastro Único (CadÚnico). Isso tem gerado dúvidas sobre quem terá direito às novas unidades, especialmente diante da demora na resposta do poder público.
A falta de comunicação com os afetados tem sido criticada. Segundo relatos de moradores, até julho deste ano não havia qualquer definição clara sobre os próximos passos. Uma reunião prometida com a gestão municipal para esclarecer a situação sequer chegou a ser realizada.
Enquanto isso, o município continua arcando mensalmente com os custos do aluguel social, medida paliativa que não resolve o problema habitacional. O valor pago, segundo os próprios beneficiários, está muito abaixo dos preços reais de aluguel praticados na cidade, que variam entre R$ 1.000 e R$ 2.000.
A situação escancara o atraso do poder público na resolução de um problema que se arrasta desde 2022, atravessando mandatos de dois prefeitos e dois governadores. Apesar do recente avanço, com a verba estadual assegurada, a solução definitiva ainda depende de ação concreta da Prefeitura para garantir moradia digna a essas famílias.