A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (2) o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O processo, que pode resultar em penas superiores a 40 anos de prisão, é considerado histórico por juristas e políticos de todo o país.
O colegiado é formado pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin (presidente). O rito prevê apresentação da acusação pelo procurador-geral da República, defesa dos réus e, em seguida, votação. Basta maioria simples — três votos — para definir condenação ou absolvição.
Em Santa Catarina, onde Bolsonaro obteve 69,3% dos votos válidos no segundo turno de 2022, a expectativa é grande entre apoiadores e opositores. Especialistas apontam que o julgamento deve repercutir fortemente no cenário político estadual, já que parlamentares e lideranças locais mantêm vínculo estreito com o ex-presidente.
Segundo o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), o estado tem 5,5 milhões de eleitores, e a polarização continua sendo uma marca nas disputas recentes. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) publicou estudo em 2024 indicando que decisões judiciais envolvendo Bolsonaro tendem a mobilizar fortemente a base de apoiadores no estado, sobretudo no Sul e no Oeste.
O julgamento, que deve se estender até 12 de setembro, ocorre em meio a rígido esquema de segurança em Brasília. Bolsonaro segue em prisão domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica, e a Polícia Federal reforçou a vigilância por risco de fuga.
O desfecho será decisivo não apenas para o futuro político de Bolsonaro, mas também para a configuração das eleições municipais de 2024 e estaduais de 2026 em Santa Catarina.