Apesar do último feminicídio registrado em Tubarão ter ocorrido em setembro de 2023, há praticamente dois anos, os números relacionados à violência contra mulher têm aumentado no município. O dado mais alarmante indica que a cada três horas, pelo menos um caso de violência doméstica é registrado. Segundo estatísticas da Polícia Civil, até o mês de agosto de 2025, cerca de 640 mulheres sofreram algum tipo de agressão na cidade.
As informações foram confirmadas pelo delegado regional Lucas de Sá Rezende, que em entrevista à repórter Anna Luiza, da Rádio Cidade Tubarão, afirmou que os registros de boletins de ocorrência e os pedidos de medidas protetivas aumentaram em Tubarão. “Isso demonstra que a informação está chegando ao conhecimento dessas mulheres, da possibilidade de requerer medidas protetivas de urgência”, afirmou o policial.
O número, que já é preocupante, pode ser ainda maior, uma vez que estes são somente os casos que chegaram ao conhecimento da polícia. “Analisando dados do ano de 2025 até o mês de agosto, nós identificamos 644 vítimas mulheres de violência doméstica aqui na cidade. Então, se fizermos um cálculo só com os registros de boletins de ocorrência, temos uma mulher vítima a cada três horas em Tubarão. É muito importante levar em consideração que muitos casos de agressão não chegam ao conhecimento da polícia, não há registro de boletins de ocorrência e, muitas vezes, a mulher é vítima e nem sabe que está em uma situação de violência”, explica Lucas.
Ciclos da violência
O delegado Lucas de Sá Rezende destaca que a violência contra a mulher não se resume apenas às agressões físicas. Segundo ele, existem diferentes formas de violência que vão desde a psicológica, moral, sexual e patrimonial, e que muitas vezes passam despercebidas tanto pela vítima quanto pelo agressor. Os casos de agressão geralmente seguem um ciclo tóxico e repetitivo, composto por algumas fases principais:
Fase da lua de mel: o relacionamento inicia em um período marcado por afeto, atenção e conquista da confiança. Nessa etapa, também ocorre a construção de uma dependência emocional por parte da vítima.
Fase da tensão: aos poucos, o agressor passa a diminuir a parceira, fazer ameaças e impor restrições. É comum que a mulher seja proibida de usar determinadas roupas, frequentar alguns lugares ou manter contato com amigos e familiares.
Fase da violência física: o ciclo atinge seu ponto mais grave, quando surgem as agressões físicas e, em muitos casos, até situações de feminicídio.
Após a violência, o ciclo tende a recomeçar. “Geralmente o agressor se arrepende, reconquista a mulher que está em situação de vulnerabilidade, com a autoestima baixa e dependência emocional. Então a gente volta para a fase da lua de mel e o ciclo continua”, conclui o delegado.
A ajuda
Casos de violência contra a mulher podem ser denunciados de forma gratuita e anônima pelo telefone 180, da Central de Atendimento à Mulher. Em Santa Catarina, também está disponível o aplicativo Botão do Pânico, da Polícia Militar, que pode ser acionado em situações de emergência.
Confira a reportagem completa
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