O governo dos Estados Unidos está oferecendo um pagamento de 2,5 mil dólares (cerca de R$ 13,3 mil) a adolescentes imigrantes que aceitarem retornar voluntariamente aos seus países de origem. A iniciativa, descrita como um “auxílio único de realocação”, foi comunicada a abrigos na sexta-feira (3) por meio de uma carta do Escritório de Reassentamento de Refugiados, ligado ao Departamento de Segurança Interna (DHS).
O benefício será destinado a menores desacompanhados a partir de 14 anos, segundo o documento, mas não incluirá cidadãos mexicanos, a menos que já tenham se comprometido a deixar os EUA anteriormente.
A oferta será feita inicialmente a adolescentes de 17 anos, conforme o Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE). O pagamento, de acordo com o órgão, só será liberado após autorização judicial e após o retorno do menor ao país de origem.
“Qualquer pagamento para apoiar a repatriação será feito após a autorização de um juiz de imigração e depois que o indivíduo tiver chegado ao seu país de origem”, informou o ICE.
Mais de 2 mil menores sob custódia federal
Dados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) apontam que, até quinta-feira (2), mais de 2,1 mil crianças desacompanhadas estavam sob custódia federal. Pela lei americana, menores que entram no país sem pais ou responsáveis legais são classificados como desacompanhados e enviados a abrigos federais até serem entregues a familiares ou cuidadores temporários.
Desde 2019, mais de 600 mil menores desacompanhados cruzaram a fronteira entre o México e os Estados Unidos, segundo números oficiais.
Críticas à medida
A iniciativa faz parte de um programa de US$ 250 milhões reservado pelo governo Donald Trump para ações de “deportação voluntária” — política que já previa pagamento de US$ 1 mil a imigrantes adultos que aceitassem deixar o país por conta própria.
A proposta, no entanto, tem gerado forte reação de organizações de defesa dos direitos humanos, que consideram a medida uma forma de coerção contra crianças vulneráveis.
A presidente da ONG Kids in Need of Defense, Wendy Young, classificou o plano como uma “tática cruel”.
“Crianças desacompanhadas que buscam segurança nos EUA merecem nossa proteção, em vez de serem coagidas a concordar em voltar às mesmas condições que colocaram suas vidas e segurança em risco”, afirmou à agência Reuters.
Já Melissa Adamson, do National Center for Youth Law, disse à AFP que o valor oferecido pode influenciar decisões precipitadas:
“US$ 2,5 mil pode ser a maior quantia de dinheiro que essas crianças já viram, o que dificulta avaliar os riscos de longo prazo de uma deportação voluntária ou de lutar na Justiça para permanecer nos EUA.”
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