O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (6) ter ficado “surpreso com a cordialidade” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante uma conversa telefônica entre os dois líderes. O diálogo, que durou cerca de 30 minutos, marcou o início de uma nova rodada de negociações bilaterais sobre tarifas comerciais e sanções impostas a autoridades brasileiras.
“Eu fiquei bastante surpreso com a cordialidade dele. São dois homens de 80 anos, com muita responsabilidade e experiência. A gente não pode errar. O povo americano não pode sofrer, nem o brasileiro, por conta de erros nossos”, disse Lula em entrevista à TV Mirante.
A conversa, segundo o Palácio do Planalto, foi considerada “produtiva e respeitosa” e abriu caminho para um encontro presencial “em breve”.
Participaram da ligação o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira.
Lula designou Alckmin, Haddad e Vieira para intermediar as tratativas comerciais com o governo norte-americano, enquanto Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, foi escalado por Trump para conduzir as negociações.
“Ficamos de marcar uma conversa presencial. Enquanto isso, nosso pessoal vai negociando e tentando decidir, porque não tem sentido a taxação que foi feita ao Brasil”, explicou o presidente.
Lula solicitou a revogação das tarifas sobre exportações brasileiras e a retirada das sanções aplicadas a autoridades nacionais.
“Eu falei para ele: para a gente começar a conversa, é importante que comece o zeramento das taxações e a isenção das punições aos nossos ministros. A partir daí, a gente discute com verdade”, declarou Lula.
Os dois líderes chegaram a trocar números pessoais de telefone para manter uma comunicação direta.
Encontro deve ocorrer ainda em outubro
O presidente brasileiro sugeriu que o encontro presencial com Trump aconteça durante a Cúpula da ASEAN, que será realizada no final de outubro, na Malásia. Lula também reiterou o convite para que o norte-americano participe da COP30, que ocorrerá em Belém (PA) em 2025, e manifestou disposição para viajar aos Estados Unidos.
A ligação ocorre após o breve encontro entre os dois durante a 80ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Na ocasião, Trump elogiou Lula publicamente e disse que os dois tiveram uma “química excelente”.
Repercussão política
A conversa entre os presidentes teve impacto imediato no cenário político brasileiro. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que o diálogo “enfraquece a atuação de Eduardo Bolsonaro e do influenciador Paulo Figueiredo” nos Estados Unidos.
“Esse contato direto entre Lula e Trump coloca uma pá de terra nas articulações do filho do ex-presidente e de seus aliados”, afirmou Teixeira.
No Palácio do Planalto, assessores também avaliaram que o episódio reduz o papel de Eduardo Bolsonaro como interlocutor junto à Casa Branca. O deputado, conhecido como “filho 03” do ex-presidente Jair Bolsonaro, está autoexilado nos EUA desde março, onde tenta articular sanções contra autoridades brasileiras.
A ligação entre Lula e Trump marca um gesto diplomático inédito desde o início do governo petista, e é vista por analistas como uma tentativa de reaproximação pragmática entre Brasília e Washington, especialmente em meio às tensões comerciais e políticas recentes.
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