Delegado que investigou queda de balão com oito mortos é exonerado em Santa Catarina

Governo do Estado aponta infrações disciplinares e improbidade administrativa; defesa fala em retaliação política após conclusão de inquérito.

Leticia Matos

Publicado em: 11 de novembro de 2025

5 min.
Delegado que investigou queda de balão com oito mortos é exonerado em Santa Catarina. - Foto: Divulgação

Delegado que investigou queda de balão com oito mortos é exonerado em Santa Catarina. - Foto: Divulgação

O delegado Rafael Gomes de Chiara, responsável pelo inquérito que apurou o acidente com um balão em Praia Grande, no Sul de Santa Catarina, foi exonerado pelo Governo do Estado. A decisão foi publicada no Diário Oficial da última sexta-feira (7).

De Chiara atuava na Delegacia de Santa Rosa do Sul e havia concluído o inquérito sobre o acidente em outubro, sem realizar nenhum indiciamento. Com sua saída, o delegado André Coltro assumirá o comando da unidade.

Motivos apontados pelo governo

Segundo o Governo de Santa Catarina, a exoneração ocorreu por infrações disciplinares e ato de improbidade administrativa. Entre as justificativas apresentadas estão o uso indevido de um veículo apreendido que deveria ser destinado a ações de combate ao tráfico de drogas, além de publicações ofensivas contra a Corregedoria da Polícia Civil e recusa em participar de uma sindicância interna.

Trecho do documento oficial destaca que, em 2021, o delegado teria usado o veículo durante o período de férias e em local distinto de onde o automóvel deveria estar a serviço. Com a decisão, Rafael de Chiara está impedido de exercer cargos públicos pelos próximos seis anos.

Defesa alega perseguição política

Em nota, a defesa do delegado afirmou que a exoneração é resultado de retaliação política, motivada pela recusa do policial em realizar indiciamentos sem base legal no caso do balão. A advogada Francine Kuhnen declarou que o procedimento administrativo que embasou a demissão estava paralisado desde 2022 e só foi retomado após a divulgação do relatório final do inquérito à imprensa.

“A coincidência não é ingênua. É evidente. É perigosa. Quando a independência funcional é violada, não é apenas um delegado que sofre; é a sociedade que perde”, afirmou a defesa.

O caso do balão

O acidente ocorreu na manhã de 21 de junho, quando o balão, que transportava 21 pessoas, pegou fogo logo após decolar. Segundo a Polícia Civil:

  • O extintor de incêndio que estava no cesto não funcionou;
  • O balão começou a descer, e parte dos passageiros saltou quando estava próximo ao solo;
  • Quatro pessoas morreram ao cair de cerca de 45 metros de altura;
  • Outras quatro morreram carbonizadas após a queda do cesto em chamas;
  • O primeiro relatório dos bombeiros foi enviado às 8h18 da manhã do acidente.

Após a tragédia, os voos de balão em Praia Grande foram suspensos temporariamente e só puderam ser retomados no início de julho.

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) informou que as investigações sobre o caso continuam em andamento e correm sob sigilo.


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