Defesa de Bolsonaro não apresenta novos recursos e processo pode transitar em julgado

Com o trânsito em julgado, caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator das ações penais, determinar o início da execução das penas impostas aos réus.

Eduardo Fogaça

Publicado em: 25 de novembro de 2025

6 min.
Defesa de Bolsonaro não apresenta novos recursos e processo pode transitar em julgado. Foto: Divulgação

Defesa de Bolsonaro não apresenta novos recursos e processo pode transitar em julgado. Foto: Divulgação

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, do deputado federal Alexandre Ramagem e do ex-ministro da Justiça Anderson Torres não apresentou novos embargos de declaração ao Supremo Tribunal Federal dentro do prazo, encerrado na segunda-feira (24). Com isso, abre-se a possibilidade de o ministro Alexandre de Moraes determinar o trânsito em julgado do processo — etapa que encerra possibilidades de recurso e permite o início do cumprimento das penas.

O prazo de cinco dias úteis havia sido aberto após a publicação do acórdão da Primeira Turma do STF que rejeitou, por unanimidade, os primeiros recursos apresentados pelas defesas.

Com o trânsito em julgado, caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator das ações penais, determinar o início da execução das penas impostas aos réus.


Situação de Jair Bolsonaro

Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por liderar o plano golpista e está preso preventivamente desde sábado (22), na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Ele havia cumprido prisão domiciliar desde 4 de agosto, mas teve a medida convertida em preventiva após violar a tornozeleira eletrônica.

A estratégia de defesa foi apresentar apenas embargos infringentes, recurso que pode ser usado em decisões colegiadas sem unanimidade. O prazo para esses embargos é de 15 dias após a publicação do acórdão. O STF, porém, tem admitido o recurso somente quando há pelo menos dois votos divergentes — o que não ocorreu no caso. Caberá a Moraes avaliar se o recurso é admissível.


Ramagem permanece foragido

O deputado Alexandre Ramagem está foragido desde que teve a prisão preventiva decretada por Moraes. Na segunda-feira (24), ele publicou vídeo afirmando que a ordem é “ilegal” e que se encontra nos Estados Unidos para garantir sua segurança e de sua família.

A acusação contra Ramagem envolve o suposto uso da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), à época em que era diretor-geral, para apoiar o plano golpista.


Defesa de Anderson Torres tenta evitar prisão em presídio comum

A defesa de Anderson Torres informou previamente ao STF que não apresentaria novos embargos de declaração e que entraria apenas com embargos infringentes. Antecipando o possível início do cumprimento da pena, os advogados pediram que, caso seja determinada a execução, ela ocorra na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal ou no Batalhão de Aviação Operacional, e não em presídio comum. Torres foi condenado a 14 anos e 10 meses.


Militares apresentam recursos

Entre os sete condenados do núcleo militar com direito a recurso, quatro apresentaram embargos de declaração e infringentes.

Braga Netto

O general Walter Braga Netto, condenado a 26 anos, apresentou ambos os tipos de recurso. A defesa sustenta:

  • incompetência do STF e da Primeira Turma para julgamento;
  • cerceamento de defesa decorrente do volume de provas (“document dump”);
  • improcedência das acusações de organização criminosa armada, tentativa de golpe, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Augusto Heleno

O general Augusto Heleno, condenado a 21 anos, pede a anulação de provas que considera irregulares e questiona interrogatórios realizados em junho de 2025, alegando violação ao devido processo legal.

Almir Garnier

O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, condenado a 24 anos, apresentou embargos infringentes. A defesa alega:

  • falta de competência do STF;
  • inexistência de provas que caracterizem conduta criminosa.

Paulo Sérgio Nogueira

O ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira apresentou apenas embargos de declaração. A defesa solicita redução de dois anos e seis meses na pena de 19 anos, afirmando ausência de fundamentação em parte da decisão.


Próximos passos

Com o fim do prazo para os embargos de declaração, o processo está pronto para que Moraes declare o trânsito em julgado — o que pode levar ao início da execução das penas para os condenados que não têm novos recursos admitidos pelo Supremo.


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