A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou nesta segunda-feira (1º) suas primeiras diretrizes para o uso de medicamentos GLP-1 no tratamento da obesidade crônica em adultos. A decisão ocorre em um momento em que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo convivem com obesidade, condição associada ao aumento de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer.
Os medicamentos da classe GLP-1, conhecidos comercialmente como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, foram desenvolvidos inicialmente para o tratamento da diabetes, mas ganharam espaço nos últimos anos como aliados na perda de peso. Eles imitam a ação de um hormônio ligado à saciedade e à regulação da insulina.
O que dizem as novas diretrizes da OMS
A OMS recomenda que os medicamentos GLP-1 sejam utilizados no tratamento de longo prazo da obesidade em adultos, exceto gestantes. Contudo, o órgão alerta que ainda são necessárias pesquisas adicionais para avaliar a segurança e a eficácia desses fármacos por períodos prolongados.
Entre os principais pontos das diretrizes estão:
- Uso em adultos com obesidade
Indicação para tratamento contínuo, com acompanhamento médico e avaliação regular dos resultados. - Combinação com mudanças de estilo de vida
A medicação deve ser associada a alimentação equilibrada, atividade física e ações de promoção da saúde. - Atenção à segurança e ao acompanhamento clínico
A OMS sinaliza que, embora os resultados sejam expressivos, ainda faltam dados robustos sobre o impacto desses medicamentos ao longo de muitos anos. - Reconhecimento da obesidade como doença crônica
A diretriz reforça que a obesidade não é apenas um fator de risco, mas uma condição que exige tratamento contínuo.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a obesidade é “um dos grandes desafios da saúde mundial” e que terapias com GLP-1 podem ajudar milhões de pessoas. Entretanto, reforçou que os medicamentos, isoladamente, não resolverão a crise global.
Custos e desigualdade no acesso preocupam a OMS
Apesar dos avanços, a organização alerta para o elevado custo desses medicamentos, o que pode limitar seu acesso em países de baixa renda. A escassez causada pela alta demanda também tem afetado pessoas com diabetes, público para o qual esses medicamentos foram inicialmente desenvolvidos.
Em 2024, mais de 3,7 milhões de pessoas morreram por doenças relacionadas à obesidade, segundo a OMS. A projeção é de que o número de pessoas obesas possa dobrar até 2030 caso medidas não sejam adotadas.
A agência lembra que o custo anual global da obesidade pode chegar a três trilhões de dólares até o fim da década. Para reduzir desigualdades, a OMS já incluiu os medicamentos GLP-1 na lista de medicamentos essenciais e defende a produção de versões genéricas para países em desenvolvimento.
Rumo a uma mudança epidemiológica
Para especialistas da OMS, as novas diretrizes podem ajudar a alterar a trajetória da obesidade no mundo. Contudo, a organização reforça que o enfrentamento da doença exige políticas públicas que promovam ambientes mais saudáveis, com acesso à alimentação adequada, espaços de prática esportiva e informação qualificada.
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