Projeto quer tornar inelegíveis agressores condenados por violência contra a mulher

A proposta determina que homens condenados por violência doméstica e familiar contra mulheres, com sentença transitada em julgado, fiquem inelegíveis.

Eduardo Fogaça

Publicado em: 8 de dezembro de 2025

5 min.
Projeto quer tornar inelegíveis agressores condenados por violência contra a mulher. Foto: Divulgação/GettyImages

Projeto quer tornar inelegíveis agressores condenados por violência contra a mulher. Foto: Divulgação/GettyImages

A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) apresentou um projeto de lei complementar que pretende incluir na Lei da Ficha Limpa critérios baseados na Lei Maria da Penha. A proposta determina que homens condenados por violência doméstica e familiar contra mulheres, com sentença transitada em julgado, fiquem inelegíveis.

O texto foi protocolado na última sexta-feira (5) e surge em meio à repercussão nacional de diversos casos recentes de violência contra mulheres, tema que motivou manifestações em várias cidades do país no domingo (7).

O que o projeto propõe

O objetivo central do PLC é impedir que agressores condenados ocupem cargos eletivos. Segundo a autora, permitir que políticos condenados por esse tipo de crime disputem eleições ou exerçam mandato compromete a integridade das instituições e a confiança da sociedade.

A justificativa afirma que a presença de pessoas condenadas por violência doméstica na vida pública fragiliza a moralidade administrativa e fere princípios constitucionais como probidade, ética republicana e respeito aos direitos fundamentais.

Como funciona a Lei da Ficha Limpa hoje

A Lei da Ficha Limpa estabelece que políticos condenados em decisões colegiadas ou que tenham perdido o mandato fiquem inelegíveis por oito anos.

Com a lei complementar sancionada em 2025, o início da contagem do prazo mudou: agora, ele começa na data da decisão que declarou a perda do mandato, da condenação colegiada, da renúncia ou da eleição em que houve abuso. Antes, o prazo era contado após o fim do mandato ou do cumprimento da pena, o que estendia o período de inelegibilidade.

A legislação também criou o “Requerimento de Declaração de Elegibilidade”, permitindo que pré-candidatos consultem previamente a Justiça Eleitoral sobre sua situação.

Entre 2014 e 2024, quase 5.000 candidaturas foram barradas pela Lei da Ficha Limpa, segundo levantamento da CNN Brasil com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral.

Lei Maria da Penha: base da proposta

Criada em 2006 após a condenação do Brasil na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a Lei Maria da Penha estabelece medidas de prevenção, proteção e punição para casos de violência doméstica e familiar contra mulheres.

Entre suas evoluções ao longo dos anos estão:

  1. Criminalização do feminicídio (2015)
  2. Inclusão da violência psicológica como forma de violência doméstica (2021)
  3. Garantia de pensão a órfãos de vítimas de feminicídio (2023)
  4. Possibilidade de prisão preventiva para proteção da integridade física ou psicológica da vítima
  5. Determinação de que agressor compareça a programas de reeducação
  6. Aumento da pena quando a vítima possui deficiência
  7. Prisão em flagrante do agressor

O PLC apresentado busca integrar essas diretrizes à legislação eleitoral, ampliando o alcance das punições e reforçando a proteção às mulheres.


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