A construção de terceiras pistas nos dois sentidos da SC-401, em Florianópolis, tem provocado forte preocupação entre moradores, ciclistas e usuários do transporte público. As obras, que abrangem um trecho de 7 quilômetros entre o Morro das Madeireiras e o bairro de Cacupé, avançam sem que haja um sistema completo de macrodrenagem. O temor é que as intervenções agravem o risco de inundações — problema já registrado em janeiro deste ano.
As críticas foram apresentadas durante audiência pública da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), realizada na noite de quinta-feira (10), a pedido do deputado Marquito (Psol). A SC-401 é a principal ligação com o norte da Ilha de Santa Catarina e uma das estradas mais movimentadas do estado.
Principais preocupações apresentadas pela comunidade
A audiência evidenciou diferentes fragilidades no projeto atual:
- Risco de alagamentos: Moradores afirmam que a ausência de um sistema de macrodrenagem amplia o perigo de enchentes. Comunidades próximas ao acesso do Cacupé relataram que a situação já é crítica durante períodos de chuva.
- Mobilidade cicloviária limitada: O projeto prevê apenas uma ciclofaixa no sentido centro–bairro, o que, segundo ciclistas, compromete a segurança e a circulação.
- Transporte coletivo sem priorização: Não há previsão de faixas exclusivas para ônibus, medida considerada essencial para melhorar o tempo de deslocamento na via.
- Atraso na entrega das obras: A promessa de conclusão antes da temporada de verão não será cumprida, conforme admitido durante o encontro.
O que diz o governo do Estado
Representando a Secretaria de Estado da Infraestrutura, o diretor de fiscalização Luiz Pantoja afirmou que a pasta irá recepcionar as demandas da comunidade. Ele reconheceu que, mesmo com a ampliação dos dutos de drenagem pluvial, persistem pontos críticos, como o trevo de acesso ao Cacupé. Segundo Pantoja, o local depende de desapropriações e da demolição de residências não previstas originalmente.
O diretor também confirmou que a macrodrenagem fora da faixa de domínio da rodovia depende de acordos entre o Estado e a prefeitura de Florianópolis. Outros trechos da rodovia ainda deverão receber obras adicionais, como viadutos no loteamento Açores e no acesso à rodovia Virgílio Várzea, além de novas passarelas.
Pressão por investigação e novos debates
O deputado Marquito declarou que levará representação ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) relatando os problemas apontados, especialmente a ausência de previsão de ações conjuntas entre o governo estadual e o município para resolver a drenagem. Ele informou também que pretende convocar nova audiência pública para acompanhar o tema.
Entre as sugestões apresentadas está a utilização de recursos provenientes de outorga onerosa de empreendimentos imobiliários, conforme defendeu o presidente do Sinduscon da Capital, Carlos Daniel Dimas, para viabilizar obras de interesse da comunidade.
Vozes da comunidade
Moradores reforçaram que a situação chegou ao limite:
- Denise Zavarize, presidente da Associação Comunitária do Monte Verde (Aprocom), afirmou que as famílias vivem em alerta permanente diante das chuvas. Para ela, “asfaltar sem drenagem é irresponsabilidade e falta de respeito”.
- Leonardo Mecabô, morador do acesso ao Cacupé, lembrou que projetos de macrodrenagem existem desde a década de 1990, sem execução efetiva.
- Afrânio Boppré, vereador de Florianópolis, criticou o que considera falta de planejamento integrado entre Estado e município.
- Fabiano Fávero, da Amobici, protestou contra a ciclofaixa limitada a apenas um lado da via e alertou para o aumento do risco de acidentes.
A audiência encerrou-se com o compromisso do Estado de reavaliar pontos críticos e incluir as demandas da população na continuidade do projeto.
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