Em uma cidade catarinense de pouco mais de 24,5 mil habitantes, o Natal ganha contornos bem diferentes do tradicional bom velhinho de roupa vermelha. Em Guabiruba, no Vale do Itajaí, quem toma conta das ruas nesta época do ano são figuras misteriosas que surgem das matas, cobertas por folhas, trapos escuros, máscaras assustadoras e até chifres. Eles são os Pelznickels, personagens centrais de uma tradição natalina de origem germânica.
Conhecido popularmente como o “papai noel do mato”, o Pelznickel faz parte do folclore trazido por imigrantes germânicos e já foi declarado Patrimônio Histórico Cultural Imaterial de Guabiruba, reforçando sua importância para a identidade local.
Historicamente, o Pelznickel surgiu como um companheiro — ou até mesmo um contraponto — de São Nicolau. Enquanto o santo era responsável por recompensar crianças bem-comportadas com doces e bênçãos, cabia ao Pelznickel visitar aquelas que não seguiram as regras ao longo do ano, com a missão de assustar, repreender e provocar reflexão sobre suas atitudes.
Durante as encenações, os Pelznickels percorrem ruas e áreas próximas às matas, arrastando correntes, carregando chicotes ou varas, em apresentações que misturam suspense, tradição e cultura popular. Apesar do aspecto assustador, o objetivo é preservar a história e envolver a comunidade em uma celebração simbólica do período natalino.
Em Guabiruba, a tradição é mantida viva por moradores e grupos culturais, que se dedicam à confecção das roupas, organização dos desfiles e encenações. As apresentações atraem visitantes e ajudam a manter viva uma herança cultural que atravessa gerações, reforçando o vínculo da cidade com suas origens europeias.
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