Na última sessão de 2025 da Câmara de Vereadores de Tubarão, foi aprovado algo que deveria ser duramente criticado, mas que teve pouca repercussão na cidade: o auxílio-saúde para os funcionários da Câmara e para os próprios vereadores, benefício que pode ser estendido inclusive às ex-esposas. O custo estimado é de cerca de R$ 1,3 milhão por ano, dinheiro proveniente dos pagadores de impostos.
Tubarão possui uma dívida próxima de R$ 800 milhões e precisa, com urgência, promover cortes de gastos para enfrentar o grave problema fiscal. Além disso, o município passa por um processo evidente de deterioração da infraestrutura urbana, com vias públicas cheias de buracos, recapeamentos de asfalto com desníveis acentuados, problemas recorrentes de alagamento e risco iminente de enchentes. Soma-se a isso a falta de solução para questões como o lixo, a UPA e a demanda por vagas em creches.
Ao contrário do que aparentemente pensam alguns vereadores, dinheiro não nasce em árvore e tampouco cai do céu. Os recursos que deveriam ser direcionados para resolver problemas crônicos e urgentes da cidade agora serão utilizados como mais um penduricalho, colocado à disposição dos parlamentares.
Dois outros fatos chamam a atenção nesse episódio. O primeiro é a utilização do regime de urgência para a aprovação do projeto — convenhamos, não há absolutamente nada de urgente nisso. O segundo é a ausência de votos contrários, já que nem mesmo a oposição apresentou qualquer manifestação contrária à proposta.
Como o projeto de lei foi aprovado na última sessão do ano, período em que grande parte da população está mais preocupada com o recesso e com alguns dias de descanso, a repercussão foi mínima e, ao que tudo indica, nada acontecerá. O que acontece em Brasília acontece exatamente nos municípios: políticos seguem consumindo recursos públicos com gastos desnecessários, enquanto a população continua enfrentando chuvas, buracos e alagamentos.