A chegada do Ano-Novo costuma ser marcada por expectativas, celebrações e reflexões sobre o futuro. A virada do ano, no entanto, também mobiliza intensamente o cérebro, ativando circuitos relacionados à recompensa, à memória, ao estresse e às relações sociais. Especialistas explicam que as emoções vividas nesse período ajudam a entender por que o Réveillon é tão significativo para muitas pessoas.
Expectativa e circuito da recompensa
Durante o Ano-Novo, situações como comemorações, encontros sociais, brindes e promessas de mudança estimulam o chamado circuito da recompensa. Esse sistema envolve a liberação de dopamina, neurotransmissor associado ao prazer, à motivação e à expectativa.
De acordo com o professor Paulo Sérgio Boggio, coordenador do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social da Universidade Presbiteriana Mackenzie, esse circuito recruta áreas como o estriado ventral e o córtex pré-frontal ventromedial, responsáveis por avaliar a relação entre esforço e recompensa. A sensação de recomeço típica da virada do ano reforça a ativação dessas regiões, aumentando a motivação para novos comportamentos e metas.
O professor Antonio Serafim, da Universidade de São Paulo (USP), explica que a área tegmental ventral também participa desse processo ao mediar a liberação de dopamina, favorecendo a repetição de experiências prazerosas associadas às comemorações.
Celebrações, vínculos e pertencimento
As comemorações de Ano-Novo, especialmente quando compartilhadas com familiares ou amigos, podem estimular a liberação de ocitocina, hormônio relacionado ao vínculo social e à sensação de pertencimento. Esse mecanismo contribui para o sentimento de acolhimento e conexão, bastante presente em celebrações coletivas.
Segundo especialistas, esse reforço dos laços sociais tem papel importante na saúde emocional, especialmente em um momento simbólico de encerramento e início de ciclos.
Dor social e frustrações na virada
Apesar do clima festivo, o Ano-Novo também pode ser um período difícil para algumas pessoas. A ausência de companhia, conflitos familiares ou frustrações com metas não alcançadas podem ativar o chamado circuito da dor social.
Pesquisas indicam que esse tipo de dor é processado em regiões cerebrais semelhantes às envolvidas na dor física, como a ínsula. Sentimentos de exclusão, rejeição ou solidão tendem a se intensificar na virada do ano, quando há uma forte expectativa social de celebração.
Estresse e sobrecarga emocional
A preparação para a virada, aliada a balanços pessoais e pressões financeiras, pode gerar estresse. Diante dessa percepção de ameaça, a amígdala cerebral é ativada, desencadeando respostas do sistema nervoso simpático, como aceleração dos batimentos cardíacos e aumento da pressão arterial.
O professor Nelson Torro, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), explica que esse mecanismo é essencial para situações de alerta, mas, quando prolongado, pode trazer prejuízos ao organismo. O estresse contínuo está associado à liberação do cortisol, hormônio que, em níveis elevados, pode afetar negativamente o funcionamento do hipocampo.
Memórias marcantes da virada do ano
A passagem de ano costuma gerar lembranças duradouras. Quanto maior a carga emocional de uma experiência, maior a ativação da amígdala, o que favorece a consolidação de memórias a longo prazo.
Estímulos típicos do Ano-Novo, como fogos de artifício, músicas ou rituais simbólicos, ativam o hipocampo e a amígdala, que enviam essas informações ao lobo frontal. Essa interação ajuda o cérebro a avaliar a intensidade da experiência e a armazenar o momento como uma lembrança significativa.
Por isso, a virada do Ano-Novo tende a permanecer viva na memória, influenciando emoções, expectativas e comportamentos ao longo do ano que começa.
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