Escândalo das funerárias em Criciúma: quando a corrupção não tem lado
O brilho das convenções políticas do fim de semana foi ofuscado nesta segunda-feira (5), com a operação denominada “Caronte” que envolve figuras de situação e oposição
O brilho das convenções políticas do fim de semana foi ofuscado nesta segunda-feira (5), com a operação denominada “Caronte”, que deu sequência as investigações de um possível esquema de cartel e corrupção na prestação de serviços funerários. O curioso? Em Criciúma, os presos preventivamente envolvem tanto figuras da situação quanto da oposição.
A operação foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pelo Grupo Especial Anticorrupção (GEAC).
Um dos envolvidos, para a supresa de muitos, é Jeferson Monteiro. Ele seria advogado das funerárias e agenciador. Monteiro, que atualmente se encontra na oposição, foi preso durante a operação. Recentemente, ele participou da convenção do PL, onde fez discursos inflamados.
Além de Monteiro, a operação “Caronte” também prendeu Bruno Ferreira, ex-secretário de Assistência Social de Criciúma e membro do PSD, partido do prefeito Clésio Salvaro. Ferreira, que é candidato a vereador, era responsável por decisões críticas na época dos fatos investigados.
A ligação com o esquema envolve direto a administração pública, trazendo nuances polêmicas para a política local e mostrando que a corrupção pode permear diversas esferas. A operação também visou a residência do prefeito Clésio Salvaro, embora sua ligação direta com o caso ainda não tenha sido detalhada pelo Gaeco.
Detalhes da Operação Caronte
A operação “Caronte” resultou no cumprimento de sete mandados de prisão preventiva e 38 mandados de busca e apreensão em Criciúma e outras cidades de Santa Catarina, além de Itati, no Rio Grande do Sul. A ação contou com a participação de 118 policiais e teve como objetivo desmantelar uma organização criminosa acusada de crimes contra a administração pública, licitações fraudulentas e lavagem de dinheiro.
Os mandados de busca e apreensão resultaram na coleta de documentos relacionados a edital de concorrência pública, celulares, dinheiro e outros materiais relevantes.
Impacto na Política Local
A operação não só expôs a suposta corrupção nas funerárias de Criciúma, mas também revelou como a linha entre situação e oposição pode ser tênue. Além de Monteiro e Ferreira, outros envolvidos com funerárias foram presos, alguns dos quais constam no Diário Oficial do Município de Criciúma de 2023 como contratados pelas funerárias participantes do esquema.
Informações do Ministério Público
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) confirmou que a operação visava combater uma organização criminosa complexa, envolvida em diversos crimes, incluindo fraudes em licitações e lavagem de dinheiro. A investigação, inicialmente conduzida pela Promotoria de Justiça, passou a ser apoiada pelo Gaeco e pelo GEAC devido à complexidade e gravidade dos crimes. O nome “Caronte” faz alusão ao barqueiro da mitologia grega que transportava as almas dos mortos, simbolizando a natureza sinistra do esquema.