‘Chuva preta’ em Criciúma: qualidade do ar triplica limite considerado seguro
Especialista mostra a relação da ‘chuva preta’ com as queimadas na Amazônia e revela números alarmantes em relação a qualidade do ar de Criciúma
A tal ‘chuva preta’ também foi registrada por moradores de Criciúma. O fenômeno é incomum na região e está, sim, diretamente ligado às queimadas que ocorrem em regiões distantes, como a Amazônia, o Centro-Oeste e partes do Sudeste do Brasil.
Mas como este problema já chegou aqui?
De acordo com o professor do curso de Engenharia Ambiental da Unesc, Michael Peterson, as queimadas nessas áreas liberam grandes quantidades de fumaça e poluição, que viajam longas distâncias até chegar ao sul do país. Esse ‘transporte de poluentes’ ocorre por meio das chamadas ‘correntes de jato’, ventos fortes que circulam em altitudes elevadas, acima de 1.500 metros, criando um caminho direto da Amazônia para o Sul.
Números alarmantes em Criciúma
O impacto dessas queimadas foi medido pelo Laboratório de Qualidade do Ar da Unesc (LABREPI). Nos últimos dias, os níveis de poluição na região de Criciúma atingiram números alarmantes. O índice de qualidade do ar (AQI) ultrapassou 160, quando o ideal (que é considerado seguro) seria um valor abaixo de 50.
O aumento, segundo o especialista, é causado pela presença de partículas de poluição chamadas PM 2,5, que são muito pequenas (com apenas 2,5 micrômetros de diâmetro) e perigosas. Essas partículas podem penetrar profundamente nos pulmões e entrar na corrente sanguínea, representando um risco em potencial para a saúde, especialmente para pessoas com problemas respiratórios.
Mas o que explica a coloração escura da chuva?
Segundo Peterson, a chuva preta ocorre quando a poluição no ar, composta por fuligem e outros materiais particulados, é capturada pelas gotas de chuva. Assim, em vez de continuar suspensa na atmosfera, a poluição ‘desce’ junto com a precipitação, resultando em uma chuva de aparência escura. Esse fenômeno tem sido registrado em várias cidades do Sul, começando pelo Rio Grande do Sul e se espalhando para Santa Catarina.
Ou seja, embora as queimadas estejam acontecendo em regiões distantes, o impacto da poluição se espalha por todo o Brasil, afetando até mesmo a qualidade do ar em locais onde não há focos de incêndio, como Criciúma.
Mas calma, há uma boa notícia: segundo o professor Michael Peterson, após a passagem da frente fria no sábado à tarde, uma massa de ar frio vinda do sul do continente trará ventos que levarão a poluição para os estados mais ao norte, melhorando a qualidade do ar na região.
Acompanhe a qualidade do ar:
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