Conheça o candidato preso à rejeição do PT em uma cidade bolsonarista
A escolha pelo PT, em uma cidade bolsonarista e inclinada à extrema direita, tem sido um peso difícil de carregar o candidato
Arlindo Rocha, ex-prefeito de Maracajá, é visto por muitos como um candidato inteligente, com uma trajetória marcada pela competência na gestão pública. Mas um grande obstáculo tem dificultado a caminhada rumo à vitória nas eleições de Criciúma: a filiação ao Partido dos Trabalhadores (PT), algo que muitos dos apoiadores originais, especialmente de perfil conservador e bolsonarista, rejeitam de maneira contundente.
A escolha pelo PT, em uma cidade que reflete o conservadorismo e a inclinação à extrema direita, tem sido um peso difícil de carregar para Arlindo. Como ex-membro do PSDB, ele já criticava a prática da reeleição, algo defendido pelo PT, e essa mudança de postura causa estranhamento em parte do eleitorado. Ao ser questionado sobre essa contradição em debates e entrevistas, Arlindo tenta manter uma visão crítica a algumas práticas do PT, mas a filiação ainda é vista como uma barreira.
No último debate promovido pela Rádio Cidade, Vaguinho (PSD) aproveitou a oportunidade para atacá-lo diretamente: “Nem tu sabe o que tu quer. O PT raiz não acredita em você,” disse, referindo-se à falta de alinhamento de Arlindo com as bases mais históricas do partido que agora defende. Em um ataque ainda mais duro, Vaguinho citou a gestão de Décio Góes, ex-prefeito de Criciúma pelo PT, e as mais de 12 secretarias na administração, argumentando que Arlindo não seria respeitado nem pelos “petistas raiz”.
No mesmo debate, Arlindo foi questionado sobre sua posição quanto à reeleição, e sua resposta, embora coerente com sua trajetória, não empolgou. As pesquisas mostram que a mensagem de Arlindo está longe de ressoar com a maioria dos eleitores.
Dados da Pesquisa
O gráfico de evolução das intenções de voto aponta uma estagnação para Arlindo Rocha. Em agosto ele aparecia com 5,3% das intenções de voto, e embora tenha crescido levemente, chegou apenas a 6,5% no levantamento de outubro.
Com esses números, a campanha de Arlindo enfrenta desafios, para dizer o mínimo. Embora reconhecido pela competência, a rejeição ao PT é uma questão central. A coluna buscou entender melhor essa escolha e os motivos que levaram Arlindo a se filiar ao partido em um contexto tão adverso.
Questionado sobre a decisão de se filiar ao PT, Arlindo foi sincero ao falar sobre a rejeição que enfrenta devido à sua escolha partidária. Ele começou refletindo sobre o estigma em torno do partido, particularmente após os acontecimentos da Lava Jato.
“Eu tenho ouvido algumas questões sobre o partido, até porque o Partido dos Trabalhadores foi marginalizado após toda aquela questão da Lava Jato. Depois vimos que o que aconteceu foi, na verdade, escandalizado na Vasa Jato. Eu sempre deveria ter me filiado ao Partido dos Trabalhadores. Minha história de mais de 30 anos sempre foi ao lado dos trabalhadores, junto aos sindicatos. A questão eleitoral em Maracajá, naquela época, não me permitiu, mas sempre estive alinhado com o partido em todas as campanhas”, garantiu Arlindo.
Quando perguntado diretamente sobre a crítica de que é “um bom candidato, mas está no partido errado”, Arlindo ponderou sobre a influência da desinformação no cenário político:
“Já ouvi, mas ouvi muito mais sobre desinformação. Naquela época, o discurso era que o PT fecharia igrejas, transformaria nossa economia em algo como Venezuela ou Argentina. A desinformação marginalizou o partido. Quando você não consegue atacar a mensagem, você ataca o mensageiro”, disse ele, referindo-se ao impacto da polarização política e à rejeição que o partido ainda carrega, mesmo após anos das acusações da Lava Jato.
Arlindo, contudo, tenta mostra segurança em relação a escolha. “Estou no lugar onde eu sempre deveria ter estado”, afirmou, com convicção, argumentando que sua trajetória sempre foi alinhada às causas trabalhistas, ainda que sua carreira política tenha tomado outros rumos no passado.