Furacão Milton e chuvas intensas em SC: há relação?

Não, o Furacão Milton, que ameaça a Flórida com grandes prejuízos nos próximos dias, não influencia as condições climáticas no Brasil. Segundo o professor Michael Peterson, do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Unesc, furacões dependem de fatores locais, como a temperatura das águas oceânicas, e os efeitos desse tipo de fenômeno são restritos às regiões onde ocorrem.

Enquanto isso, em Santa Catarina, o que explica as chuvas intensas previstas para esta semana é um fenômeno climático típico da região, sem relação com o furacão.

Furacão Milton

O Furacão Milton, com trajetória já confirmada em direção à Flórida, deve atingir o estado norte-americano entre a noite de quarta-feira e a madrugada de quinta-feira. O professor enfatiza que os danos esperados são significativos, especialmente nas áreas costeiras da Flórida.

No entanto, ele esclarece que esse evento não afetará o Brasil, uma vez que os furacões dependem de condições específicas para sua formação, como a temperatura elevada das águas oceânicas. “Os furacões, como o Milton, não terão impacto na América Latina, pois o Brasil não possui as condições necessárias para sustentar esses fenômenos”, garante Peterson.

Chuvas em SC

Mesmo sem influência do furacão, Santa Catarina está enfrentando outro desafio climático: a previsão de chuvas intensas, particularmente na região norte do estado. Segundo o meteorologista, essa precipitação volumosa é causada pelo fenômeno da chuva orográfica, em que os ventos úmidos vindos do oceano colidem com o relevo das serras, formando nuvens carregadas que provocam fortes chuvas.

“Uma alta pressão no Atlântico está gerando ventos úmidos que chegam ao litoral catarinense. Quando esses ventos atingem as serras próximas ao litoral, formam nuvens e causam chuvas intensas, principalmente no norte do estado”, explicou Peterson.

A Defesa Civil de Santa Catarina já emitiu alertas para possíveis alagamentos e deslizamentos nas áreas mais afetadas pelas chuvas. No norte do estado, é esperado um volume de até 200 mm de precipitação nos próximos dias, enquanto em Criciúma o acumulado será menor, com cerca de 100 mm.

“Embora as chuvas em Criciúma sejam menos intensas, é importante que a população se mantenha informada e siga as orientações da Defesa Civil”, recomendou Peterson.

Para os agricultores da região sul de Santa Catarina, as chuvas são vistas de forma positiva. “Estamos em período de plantio, especialmente de arroz, e essas chuvas devem beneficiar as lavouras. Com a chegada de novembro, a transição do El Niño para o La Niña deve trazer uma atmosfera mais seca, o que pode alterar o padrão de precipitação”, disse o meteorologista.