Criciúma
Debate sobre a escala 6×1 divide opiniões em Criciúma
PEC gera discussão entre parlamentares, associações empresariais, sindicatos e juventudes partidárias
A proposta de emenda à Constituição que visa eliminar a escala de trabalho 6×1, em que as pessoas trabalham seis dias e folgam um, gerou intensos debates em Criciúma, envolvendo parlamentares, associações empresariais, sindicatos e lideranças jovens de partidos políticos. A proposta segue dividindo opiniões entre aqueles que defendem a flexibilização como alternativa e os que veem na medida uma oportunidade para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. O projeto, de autoria da deputada Érika Hilton (PSOL-SP), mobiliza trabalhadores em uma petição que já conta com mais de 2,7 milhões de assinaturas desenvolvidas, enquanto parlamentares de Criciúma e associações empresariais apresentam posicionamentos opostos.
Nesta sexta-feira, dia 15, haverá um ato na Praça da Resistência, no bairro Santa Luzia, em Criciúma, organizado por coletivos e partidos políticos da região, incluindo PT, PSOL e PCdoB, que se articulam para engajar a comunidade e pressionar os representantes no Congresso. Pedro Brunel, que é suplente do PT na Câmara de vereadores e presidente da Juventude do PT explica que a mobilização visa abrir uma série de atividades de conscientização e apoio à PEC: “Este movimento é uma mobilização coletiva, e Criciúma está atenta para participar dessa discussão nacional”, diz Brunel
A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Criciúma e Região (Siserp) e presidente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT), Jucélia Vargas, destacou a importância da revogação da escala 6×1 para a qualidade de vida dos trabalhadores: “Quando o trabalhador tem tempo para lazer, cultura e família, ele produz mais. Pressionar deputados para aprovar essa mudança é colocar o bem-estar da classe trabalhadora acima dos interesses econômicos. Essa mobilização é essencial para que a proposta saia do papel”, diz Jucélia.
Empresários mostram resistência
Ailton Schuelter, que é diretor da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), analisa a proposta com muita preocupação. “O assunto, na forma como foi proposto e, se levado a termo, poderá impactar profundamente na economia nacional. As empresas poderiam sofrer um impacto muito grande nos seus custos, e teriam que tomar atitudes para sanear o problema. Ações que podem ir de demissão de funcionários até o aumento de preços tem impacto direto na sociedade. O assunto precisa, no mínimo, ser amplamente discutido. Os setores empregadores precisam ser ouvidos sobre as consequências dessa alteração”, finaliza Schuelter.
A Associação Empresarial de Içara, por outro lado, se manifestou contra a PEC, alegando que a redução da jornada de trabalho, sem corte proporcional nas atualizações, sobrecarregaria os custos empresariais, impactando toda a cadeia produtiva e a competitividade. “Embora valorizamos o bem-estar dos trabalhadores, a imposição dessa mudança sem a redução de vida de treinamento representa um aumento de custos operacionais, afetando a competitividade do setor produtivo”, destacou a entidade, citando também os desafios que a medida impõe às pequenas e médias empresas.
Deputados locais contra a PEC
Entre os representantes de Criciúma na Câmara, o deputado Daniel Freitas (PL-SC) posicionou-se firmemente contra a PEC, criticando a falta de estudos de impacto econômico. Freitas diz que se trata de um “texto politiqueiro e irresponsável” que oferece “falsas promessas aos trabalhadores”. Em contrapartida, Freitas apoia a chamada “PEC da Alforria”, que permitiria aos trabalhadores negociar diretamente suas jornadas com os trabalhadores, promovendo uma maior flexibilidade sem intervenção estatal.
O deputado Ricardo Guidi (PSD-SC) também se manifestou contra a PEC, argumentando que sua implementação tornaria o “custo Brasil” ainda mais elevado, prejudicando a competitividade nacional, especialmente para micro e pequenos empreendedores.