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Por que algumas religiões não comemoram o Natal?

Criciúma
Família realizando uma oração em época de Natal
Foto: Ilustração / Envato

Criciúma

Por que algumas religiões não comemoram o Natal?

Entenda por que algumas religiões não celebram o Natal, os desafios culturais enfrentados e as origens históricas dessa celebração

CRICIUMA

O Natal, tradicionalmente celebrado em 25 de dezembro, não é unanimidade entre todas as religiões e culturas. Algumas vertentes religiosas, como as Testemunhas de Jeová, optam por não participar dessa festividade devido à falta de base bíblica que justifique a celebração. Para esses grupos, dezembro é apenas mais um mês, sem qualquer substituto ou celebração alternativa para a data.

Razões teológicas e históricas

De acordo com o teólogo e produtor de conteúdo sobre o cristianismo, Fernando Shock, a ausência de uma data precisa para o nascimento de Jesus nos textos bíblicos é um dos principais motivos para a recusa em celebrar o Natal. “Não há no Novo Testamento ou em textos paralelos, como os escritos de contemporâneos de Jesus, nenhuma menção a 25 de dezembro como a data de nascimento de Cristo. Além disso, também não existe um mandamento bíblico para a celebração do nascimento de Jesus”, explica.

Historicamente, o 25 de dezembro foi escolhido pela Igreja Cristã como uma apropriação cultural da Saturnália, uma festividade pagã romana que celebrava o Sol Invicto. Essa escolha buscava aproximar a figura de Jesus – descrito como a “estrela da manhã” e “luz da justiça” – do simbolismo do Sol.

Quando Jesus teria nascido?

Embora a data exata continue incerta, os teólogos apontam que Jesus provavelmente nasceu em março ou outubro. “Os textos bíblicos mencionam pastores nos campos no momento do nascimento, o que indica um período de colheita, comum nesses meses. Dezembro é descartado devido ao inverno rigoroso no Oriente Médio, que tornaria inviável a presença dos pastores ao ar livre”, destaca Shock.

Como os grupos lidam com o Natal

Para grupos religiosos que não comemoram o Natal, a data é encarada como puramente comercial ou, em alguns casos, até como uma celebração antirreligiosa. Muitos evitam participar de eventos natalinos, mesmo em ambientes sociais, e enfrentam desafios culturais devido à forte presença do Natal no cotidiano. “Trabalhar no comércio, receber felicitações ou assistir à programação natalina na mídia são situações inevitáveis em uma cultura majoritariamente cristã”, comenta o teólogo.

Influências culturais e a celebração no Brasil

O Natal, como o conhecemos hoje, é uma mescla de tradições importadas. O Papai Noel, por exemplo, tem origem em São Nicolau, um bispo da Igreja Cristã na Turquia, e foi popularizado pela Coca-Cola nos Estados Unidos, com sua clássica vestimenta vermelha. Já a árvore de Natal vem dos países nórdicos, onde celebrava-se a vida em torno de uma árvore durante o inverno.

“Embora o Brasil tenha adaptado esses elementos ao seu contexto, é importante lembrar que o foco religioso do Natal – o nascimento de Jesus – não é cultural, mas teológico. Isso diferencia a motivação religiosa da forma como a data é comemorada ao redor do mundo”, finaliza Shock.

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