Quem manda no céu? Prefeitura e Estado divergem sobre voos em Forquilhinha
De um lado, o Estado afirma que voos comerciais estão fora de questão. Do outro, a Prefeitura de Forquilhinha promete viabilizar o retorno
Por
Kelley Alves
O Aeroporto Diomício Freitas, em Forquilhinha, motiva um intenso debate entre o Governo do Estado e a Administração Municipal sobre a retomada dos voos comerciais. De um lado, o secretário de Portos, Aeroportos e Ferrovias, Ivan Amaral, é direto: voos comerciais no terminal estão fora de questão. Do outro, o prefeito de Forquilhinha, José Cláudio Gonçalves (PSD), o Neguinho, promete fazer a pista decolar comercialmente assim que a administração estiver nas mãos do município, no dia 16 de abril.
O secretário garante que o plano aeroviário estadual já está definido. Após investimentos de R$ 17 milhões no aeroporto — revitalização da pista, balizamento e a instalação de uma Estação Meteorológica Automática (única de Santa Catarina, segundo ele) —, a estrutura foi preparada para atender voos executivos e operações especiais, como o Serviço Aeropolicial (Saer). Ele deixa claro que a prioridade do estado é fortalecer o Aeroporto Regional Sul, em Jaguaruna.
“Dois aeroportos comerciais tão próximos se tornam concorrentes, comprometendo a viabilidade de ambos. Além disso, a outorga do aeroporto é do Estado, e o município não pode decidir isso sozinho”, afirmou.
Neguinho discorda. Para ele, a gestão municipal, que será oficializada em 16 de abril, mudará o jogo. “Quando assumirmos, Forquilhinha terá voos comerciais. A Estação Meteorológica estará pronta em março, e o aeroporto tem diferenciais importantes, como o hangar do Saer. Vamos melhorar a estrutura de embarque e desembarque e garantir que Forquilhinha volte a decolar”, declarou. Ele também reforçou que as negociações com empresas aéreas estão apenas aguardando a transição administrativa.
Enquanto o prefeito vê a transferência da administração como um sinal verde para retomar os voos comerciais, o Estado ressalta que a autoridade sobre a operação do aeroporto permanece com o próprio Executivo Estadual.
Amaral reforçou que a decisão final cabe ao governo estadual e que não há planos para mudar essa configuração. Ele ainda destacou as dificuldades em atrair empresas aéreas para operações em terminais menores, como Forquilhinha, mesmo com incentivos como a redução do ICMS para combustível.
Ou seja, para o Estado, o Aeroporto de Forquilhinha continuará desempenhando um papel complementar dentro do plano estadual, focado em operações regionais e específicas. Já o prefeito Neguinho aposta no potencial do aeroporto como motor de desenvolvimento econômico e na capacidade de atender a população local com mais eficiência.
Enquanto a divergência segue e se intensifica, a pergunta que fica no ar — literalmente — é: Forquilhinha vai decolar ou continuará em solo?