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‘É como se o Centro de Criciúma fosse destruído’, diz criciumense sobre incêndios em L.A

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‘É como se o Centro de Criciúma fosse destruído’, diz criciumense sobre incêndio em L.A 1
Foto: Reprodução / Redes Sociais

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‘É como se o Centro de Criciúma fosse destruído’, diz criciumense sobre incêndios em L.A

Adair Daufembach mora há nove anos em Los Angeles e tem acompanhado a destruição de bairros da cidade

“É como se o Centro de Criciúma fosse completamente destruído”. Foi essa a comparação utilizada por Adair Daufembach para dar dimensão dos incêndios enfrentados em Los Angeles. O criciumense mora há nove anos na cidade californiana e, desde que chegou aos Estados Unidos, nunca havia visto um cenário tão avassalador.

Os atuais incêndios em Los Angeles já são considerados os piores de toda a história da cidade norte-americana. Foram registradas, até o início da semana, 24 mortes por conta do fogo – que têm reduzido casas e mansões às cinzas.

“Pessoalmente eu tenho muita sorte, porque estou em um bairro que não está sendo afetado pelo fogo. Moro em Glendale, região central de Los Angeles. O fogo mais próximo que tivemos ocorreu na Sunset Boulevard, perto do letreiro de Hollywood, e nem é tão perto assim. Os piores estão acontecendo em Altadena e Pacific Palisades”, relatou.

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Adair Daufembach, produtor musical criciumense que mora em Los Angeles.

Adair é produtor musical e, mesmo morando há alguns quilômetros de distância dos principais focos de incêndio, afirma que já foi impactado de algumas formas. A região onde mora tem sido classificada como grau 3 de risco, o que significa alerta constante para possível evacuação. Segundo ele, algumas pessoas de Glendale já deixaram suas casas – mesmo sem a necessidade de evacuar. A disponibilidade de água em um dos principais supermercados do local também foi afetada.

“Teve um dia que eu acordei aqui e estavam caindo cinzas. Olhei para o meu carro na garagem e ele estava cheio de cinzas. Foi nesse dia que eu peguei o carro e fui na Sunset Boulevard de noite. Apesar de eu não estar no foco do fogo, havia cinzas no meu carro”, pontuou.

O criciumense também relata um sentimento de apreensão. Isso porque o incêndio tem se alastrado através dos chamados ventos de Santa Ana, cujas piores rajadas podem chegar aos 160 km/h. As fagulhas se espalham não apenas pela vegetação como, também, de telhado em telhado. Sendo assim, por mais que não exista um risco imediato onde mora, existe a sensação de imprevisibilidade de que o fogo possa chegar até Glendale.

“No dia principal do incêndio, mesmo eu estando muito longe, acordei e vi que o céu estava amarelo. Você também percebe a qualidade do ar, tem um cheiro de queimado na cidade inteira. Ontem a noite antes de dormir eu, meio preocupado, de repente senti um cheiro de queimado forte. Fui dar uma olhada ao redor do apartamento para ver. O cheiro de queimado está na cidade inteira, temos muitas pessoas usando máscara o tempo todo e a Prefeitura está recomendando que fiquemos em casa o máximo que pudermos”, afirmou.

‘Imagina se, do Hospital de Criciúma até a Igreja, tudo estivesse destruído?’

As imagens que chegam dos jornais norte-americanos mostram bairros inteiros de Los Angeles completamente reduzidos à cinzas por causa dos incêndios. As áreas afetadas são nobres e costumam abrigar mansões de artistas e famosos, sobretudo da indústria do cinema e da música. Adair afirma que esse é, de fato, o cenário visto por lá – e faz uma comparação com Criciúma.

“Imagina o Centro de Criciúma destruído, inteiro. Da região do hospital [São José] até a igreja [na Praça Nereu Ramos]. Tudo, absolutamente tudo. Um pouco maior, talvez. Aqui as casas são de madeira por eventual terremoto e o fogo consome muito rápido. Os telhados são feitos de um material facilmente inflamável. Isso vai ter consequência muito grande na forma de construir nos próximos anos”, contou o criciumense.

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MARIO TAMA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

O criciumense diz ter amigos e clientes que tiveram que sair de suas casas por conta do risco de incêndio. Músicos com quem estava para trabalhar tiveram que cancelar algumas das gravações por idas e vindas de Pacific Palisades. Estúdios inteiros, de colegas de trabalho, foram completamente destruídos pelo fogo.

As pessoas que precisaram deixar suas residências foram para abrigos ou para casas de parentes ou amigos. Adair conta que, se chegar ao ponto de precisar sair de onde está, provavelmente irá para o imóvel de um colega ou para outra cidade. A solidariedade entre os moradores de Los Angeles, segundo ele, tem sido marcante – e a experiência pode provocar mudanças na forma como os norte-americanos constroem.

“O cenário de reconstrução vai ser bem caótico, porque aquelas casas todas demoram de dois a três anos para se recuperar. Eu não sei como vai ficar essa questão, talvez uma nova tecnologia surja. Já tem se falado nesse assunto, que eu nunca havia ouvido da boca dos americanos, de construir casas de material resistentes ao fogo. Talvez comecem a adotar um modelo de construção mais próximo do Brasil”, afirmou.

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