Política
Câmara de Florianópolis propõe frente parlamentar pela cannabis
A proposta em defesa da cannabis industrial foi feita pelo vereador Leonel Camasão (PSOL)
A Câmara Municipal de Florianópolis (CMF) pode criar uma Frente Parlamentar em Defesa da Cannabis Industrial, proposta pelo vereador Leonel Camasão (PSOL) nesta sexta-feira (10). O objetivo da iniciativa é estimular o debate sobre o uso do cânhamo e seus derivados, promovendo a utilização da planta como matéria-prima para diversos produtos. Camasão busca desenvolver um novo setor econômico, sustentável e ecológico, aproveitando as vantagens ambientais dessa planta.
Embora o uso medicinal da cannabis seja mais prevalente no Brasil, a proposta visa incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de startups que utilizem o cânhamo para a fabricação de produtos como cosméticos e plásticos vegetais. Esses produtos são biodegradáveis e contribuem para a redução da poluição. O cânhamo, por exemplo, pode capturar até 16 toneladas de dióxido de carbono anualmente e utiliza menos água na produção têxtil, comparado ao algodão, o que gera menor impacto ambiental.
A Frente Parlamentar também terá como foco discutir políticas públicas voltadas à regulamentação, pesquisa e ao acesso seguro à maconha. Para isso, o parlamento convocará especialistas, advogados, empresários e cidadãos para enriquecer o debate. Santa Catarina é um estado de destaque nessa área, com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mantendo um Polo de Desenvolvimento e Inovação em Cannabis, pesquisando o uso do cânhamo na indústria têxtil, medicina veterinária e biocombustíveis.
O Brasil perde anualmente cerca de R$ 167,8 bilhões devido à falta de regulamentação da maconha, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis (Abicann). Embora o uso medicinal já tenha demonstrado benefícios no tratamento de doenças degenerativas e transtornos mentais, o vereador Leonel Camasão lembra que o cânhamo tem uma longa história em Florianópolis. No século XIX, o cultivo da planta era comum no norte da Ilha, e o nome do bairro Canasvieiras pode derivar da planta, que, na época colonial, era amplamente cultivada para a produção de tecidos.
“Queremos que mais pessoas tenham acesso às inovações médicas”, disse o vereador. “Mas existe um potencial gigante de aquecer a economia e gerar empregos em vários setores. Sem falar que podemos gerar substitutos ecológicos para plásticos, papel e tecidos. E ainda existe o mercado do uso recreativo, que precisa ser desestigmatizado”, afirma.
Fonte: Câmara de Vereadores de Florianópolis