Cotidiano
Ônibus em Criciúma: superlotado, quente e caro
“Parece que estão transportando bois ou cavalos”, diz senhora que usa o transporte público
Inúmeras são as reclamações a respeito do preço da passagem de ônibus, que foi reajustada nessa semana em Criciúma. Os valores passaram de R$ 5,00 para R$ 5,25 para os usuários que utilizam os cartões CriciúmaCard Cidadão e CriciúmaCard Vale-Transporte. Para os professores (CriciúmaCard Professor), o valor passa para R$ 3,95.
Com uma das passagens mais caras do país, Criciúma conta com um transporte público que não é satisfatória para a população da cidade e muito menos para quem vem de outros municípios. Isso porque o pagamento só é aceito através do cartão CriciúmaCard ou através de PIX. O pagamento em dinheiro em espécie ou até mesmo em cartão de crédito ou débito não são aceitos. Para quem vem de outras cidades e não contam com o CriciúmaCard ou não estão em condições de fazer PIX, são impedidos de utilizar o transporte público em Criciúma.
Para a dona Maria Conceição, de 67 anos, que pega ônibus no terminal do bairro Pinheirinho com bastante frequência, ela conta que muitos motoristas de ônibus trabalham com muita pressa. “Muitos motoristas tratam as pessoas como se estivessem transportando bois ou cavalos. Às vezes não dá tempo nem de a gente sair do ônibus e eles já estão arrancando o ônibus ou fechamento a porta. Uma vez quase fiquei trancada na porta na hora de sair. É perigoso isso, porque a gente pode se machucar”, lembra Maria.
Para Pedro Brunel, que tem como ponto de partida o ponto de ônibus próximo à rodoviária, onde eu pega o amarelinho, sabe muito bem as dificuldades enfrentadas pelos usuários, pois utiliza o transporte para ir ao trabalho. “Pego o amarelinho para ir até o terminal central. E de lá eu pego o 201 para ir ao trabalho. Faço isso praticamente todos os dias, exceto quando vou de carona”, diz Pedro.
Segundo ele, o aumento da tarifa em Criciúma evidencia a falta de um plano para tornar o transporte público mais acessível. “Muitas cidades no Brasil já implementaram tarifa zero e passe livre para estudantes, garantindo mobilidade sem pesar no bolso da população. Acredito que Criciúma pode seguir esse caminho. A cidade precisa de mais horários, transparência nas informações e uma campanha para estimular as pessoas a voltarem a usar o transporte público. Hoje, muitos moradores sequer sabem os horários ou onde pegar o ônibus. Precisamos de um sistema eficiente, acessível e que realmente atenda às necessidades do trabalhador e do estudante”, comenta Pedro.
Não pode entrar!
Uma das ironias do transporte público de Criciúma é não aceitar qualquer tipo de pagamento tradicional. Milhares de pessoas que não são de Criciúma, não estão conseguindo entrar nos ônibus, pois não possuem o cartão e o transporte não aceita dinheiro ou cartão de débito/crédito. “Além disso, em horários de pico é sempre lotado, principalmente nos horários onde os alunos das escolas entram ou saem. Ar condicionado raramente está ligado. Às vezes que eu percebo que está ligado é em alguns amarelinhos. Algo de bom que eu vejo bastante gente utilizar, é os carregadores usb, isso foi algo legal que fizeram”, pontura Pedro.
Alex Luciano, que utiliza bastante o amarelinho para ir do Pinheirinho até a Próspera e do Pinheirinho ao Verdinho (Iparque), vê o reajuste como algo que impacta por ser uma passagem que já é cara. “É revoltante, porque nem se sabe o motivo de subir dessa vez e das outras vezes que a passagem subiu também não houve explicação. E isso revolta não só a mim, mas a população tem que saber organizar a revolta que é gerada”, diz Luciano.
Sobre a superlotação, ele conta que nos horários de pico, a partir de umas 15 horas já começa a ficar cheio, com o ar-condicionado que muitas vezes não é ligado ou simplesmente não funciona. “E para uma cidade como Criciúma onde as temperaturas são altíssimas, o ar-condicionado deveria funcionar. Já vi pessoas passando mal dentro do ônibus pelo calor”, pontua Luciano.
Ele lembra que também há falta de linhas e horários. “Por diversas vezes já vi pessoas descendo do amarelinho correndo com bolsas indo pegar o outro ônibus porquê se perder aquele ônibus, o próximo é somente em 40 minutos a 1 hora depois”, finaliza Luciano.