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Lagoa da Conceição tem concentração de cocaína

Florianópolis
Pesquisa da UFSC detecta cocaína e medicamentos na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, alertando para riscos ambientais e à saúde
Foto: Tiago Ghiozni / Secom / Ilustração

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Lagoa da Conceição tem concentração de cocaína

Pesquisa da UFSC identifica cocaína e remédios na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, levantando alerta para a contaminação da água

FLORIANOPOLIS

Um estudo conduzido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelou a presença de cocaína e de seu metabólito benzoilecgonina em 63% das amostras coletadas na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. A pesquisa, publicada na revista Science of the Total Environment, aponta que a presença dessas substâncias é um reflexo do descarte e do consumo de drogas na região, podendo causar impactos ambientais significativos.

A investigação foi realizada em colaboração com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa, Tecnologia e Inovação de Santa Catarina (Fapesc). Os pesquisadores identificaram 35 contaminantes emergentes, incluindo antibacterianos, analgésicos e cafeína, mas a presença de drogas ilícitas despertou maior preocupação.

A professora Silvani Verruck, do departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFSC, explicou que a equipe identificou níveis alarmantes de cocaína, considerados um dos mais altos do mundo em estudos similares. “Fizemos outras análises para quantificar essas substâncias e em breve publicaremos um novo estudo com esses dados”, afirmou.

Os pesquisadores também monitoraram a presença de cocaína em organismos marinhos, incluindo tubarões na Bacia de Santos, indicando que a contaminação se estende por diferentes ecossistemas.

Impacto ambiental e riscos para a Lagoa da Conceição

O estudo destaca que a presença de cocaína e de outros contaminantes pode afetar diretamente os organismos aquáticos. “A quantidade de resíduos que estamos encontrando está afetando diretamente a vida local. Ecologicamente, isso é muito preocupante para o meio ambiente, especialmente para peixes e outros animais”, alertou Silvani.

Os pesquisadores sugerem que essas substâncias podem causar alterações no comportamento, reprodução e na saúde geral dos organismos aquáticos. Além disso, a exposição prolongada desses elementos pode representar riscos também para os seres humanos.

Soluções e medidas de contenção

Diante dos resultados, os cientistas reforçam a necessidade de regulamentos mais rigorosos sobre o tratamento de água e medidas que evitem a contaminação. A equipe da UFSC também estuda formas inovadoras e de baixo custo para eliminar esses contaminantes do ambiente aquático.

Uma das soluções testadas foi o sistema REACQUA, que utiliza energia solar para destilar a água e remover substâncias tóxicas. O equipamento foi testado no Centro de Ciências Agrárias da UFSC e apresentou resultados promissores ao eliminar todos os contaminantes emergentes das amostras coletadas.

A pesquisa está em sua fase final, mas seus achados podem influenciar futuras políticas ambientais e reforçar a importância de um saneamento mais eficiente. “Precisamos olhar para essas moléculas de forma regulatória e estabelecer limites claros para minimizar os impactos ambientais e proteger a saúde da população”, concluiu Silvani.

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