Paulo Monteiro
Armadilha: Shyamalan une serial killer à cantora pop para criar parque de diversão
Novo filme do diretor de O Sexto Sentido chega para aluguel digital nesta sexta-feira (30)
Um serial killer, uma pré-adolescente, uma cantora pop e centenas de policiais e investigadores habitam o mesmo lugar. Por mais que possa parecer retirada de uma piada genérica que tenta unir pessoas com características e posições distintas em um um mesmo cenário, essa situação é na verdade a base de Armadilha (2024), filme mais recente de M. Night Shyamalan – diretor conhecido principalmente por O Sexto Sentido.
O longa segue um serial killer que acompanha a sua filha pré-adolescente em um grande show de uma cantora pop. Em determinado momento, no entanto, ele descobre que o evento foi inteiramente pensado em ser uma armadilha para prendê-lo. Autoridades cercam o espaço e procuram, lá dentro, entre os milhares de fãs incontroláveis da artista, pelo responsável por uma série de mortes.
Inicialmente descrito pelo diretor como “O Silêncio dos Inocentes em um concerto da Taylor Swift”, Armadilha une temas que se tornaram uma certa obsessão da geração Z: fandoms, divas pops e serial killers. Conteúdos que abordam esses assuntos costumam movimentar discussões em redes sociais e gerar muitas visualizações em vídeos no YouTube e TikTok. Mas o que acontece quando todas essas temáticas se unem em um filme?
Para Shyamalan, acontece a diversão. Armadilha soa como um verdadeiro parque de diversões para o cineasta, um espaço onde ele pode desfilar toda a sua criatividade sem realmente se importar com o quão absurdas podem parecer as soluções apresentadas ao longo do caminho. E, assim como em um parque, a obra também tem os seus altos e baixos.
O diretor vem carregando, há um bom tempo, a expectativa de estar sempre entregando plot twists capazes de conectar, de maneira racional, os elementos da história. Foi o que fez em O Sexto Sentido, A Vila e até mesmo em Tempo (guardadas as devidas proporções). Em seu filme mais recente, no entanto, ele parece finalmente se desprender dessas amarras da racionalidade para conduzir o longa à sua maneira.
Sendo assim, se aproveita de um inspirado Josh Hartnett (Falcão Negro em Perigo) no papel de serial killer para explorar os diversos ambientes que envolvem um grande show. A plateia, as escadas rolantes, o backstage e até mesmo uma sala com camisetas da cantora pop se tornam espaços a serem utilizados, de maneira visualmente criativa, para encenar a tentativa de fuga do assassino em série.
Além disso, Shyamalan mostra mais uma vez um certo apreço por inserir na dinâmica de seus filmes assuntos que estão em alta. Em Armadilha, ele adota um tom sarcástico ao falar sobre paternidade, idolatria e uso das redes sociais. Até a maneira como as pessoas costumam assistir a um show (por trás das telas de celulares) se torna objeto de uma avaliação que contrasta gerações na obra do cineasta.
A habilidade do diretor em conduzir de maneira criativa essa história, no entanto, não torna a sua obra perfeita. Sobra carisma em Josh Hartnett, mas falta em todos os outros personagens ao seu redor. Por estar sem amarras, o cineasta entrega uma sequência de pequenas reviravoltas que cansam não pelo absurdo, mas pelo uso excessivo.
Por fim, Armadilha se apresenta como um dos filmes mais divertidos de 2024. No entanto, não espere soluções realistas de quem está brincando com a realidade. Afinal, para Shyamalan, o longa também é uma boa peça de diversão.
Nota: 3,5 / 5
Armadilha chega nesta sexta-feira (30) para aluguel digital. Confira o trailer:
Para ler mais sobre filmes e séries, me siga no Instagram, Twitter e Letterboxd.