Paulo Monteiro
Fúria Primitiva: estreia de Dev Patel na direção é estilosa, porém indecisa
Filme de ação está disponível na Prime Video
Sempre que um ator de sucesso decide se aventurar na direção, uma expectativa é gerada. Não necessariamente positiva ou negativa, mas essencialmente carregada de uma curiosidade: como transpor o talento em frente às câmeras para detrás delas? Historicamente, alguns foram capazes de fazer muito bem essa transição – a exemplo de Clint Eastwood. Outros, como Angelina Jolie, nem tanto. Fúria Primitiva, longa de estreia de Dev Patel enquanto diretor, reside em algum lugar entre esses dois exemplos, sendo estiloso, porém indeciso.
Disponível na Prime Video desde meados de agosto, Fúria Primitiva ficou por um bom tempo entre os 10 filmes mais assistidos da plataforma de streaming. O longa, que arrecadou cerca de US$ 35 milhões em bilheteria ao redor do mundo, acompanha um lutador que decide se infiltrar na elite indiana para se vingar dos homens que assassinaram a sua mãe quando ele ainda era uma criança.
Estrela de filmes elogiados, como Quem Quer Ser Um Milionário?;Lion: Uma Jornada Para Casa; e A Lenda do Cavaleiro Verde, Dev Patel decidiu estrear na direção em um gênero que nunca havia sido protagonista enquanto ator: a ação. Acostumado com dramas e fantasias, o cineasta não tinha trabalhado com nada parecido com a obra que entregou. Curiosamente, é dentro desse ineditismo para o diretor onde Fúria Primitiva funciona melhor.
Patel, que também é a estrela do filme que dirige, opta por uma história tradicional e pouco inovadora para concentrar sua atenção naquilo que há de melhor no longa: a imagem. Se falta estilo para o texto, sobra para as cenas de luta – que são bem coreografadas, conduzidas por câmeras orgânicas entre os movimentos, e que usam e abusam das luzes em neon.
É estilosa a forma como o diretor conduz visualmente essa história. Patel se apropria de símbolos da cultura indiana para construir cenas que parecem terem saído de um clipe musical, com um ritmo dinâmico ditado por músicas contemporâneas, repletas de rimas e eletrônicos.
O filme se perde, no entanto, na medida em que tenta equilibrar o seu estilo visual com o drama do seu personagem. O ritmo frenético do longa é interrompido por flashbacks que buscam construir a relação do protagonista com a sua mãe, na tentativa de, sem sucesso, dar peso para a vingança. A construção, no entanto, termina com confusão e pouca profundidade.
Por fim, Fúria Primitiva se apresenta como um filme estiloso, mas extremamente indeciso. O longa não sabe se abraça a imagem e o tom de John Wick ou se parte para o drama de uma vingança como em OldBoy. Na tentativa de abraçar tudo, é prejudicado. Se destaca na ação, mas falha no demais.
Nota: 3 / 5
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