Denis Luciano
Com prefeito preso, o constrangedor silêncio da maioria dos vereadores
Apenas dois se pronunciaram. Bancadas fieis ao prefeito e opositores diretos da eleição de outubro nada disseram
O mínimo que se esperava de todos os vereadores é que tivessem algo a dizer na sessão desta terça-feira (3) na Câmara de Criciúma. Os governistas, que rasgassem verbo em defesa ao recém preso Clésio Salvaro (PSD). Os antagonistas, que externassem suas conclusões a respeito do gravíssimo incidente. Nada.
A sessão só não foi mais curta por conta das esperadas manifestações dos únicos dois parlamentares que usaram a palavra: Giovana Mondardo (PCdoB) e Zairo Casagrande (PDT). De resto, um vácuo, um silêncio constrangedor que ilustra o papel do Legislativo nos tempos atuais. Uma lástima.
Sobre os que se pronunciaram, ambos foram cirúrgicos. Giovana lembrou que a Câmara não pode ser omissa em um momento desse. “A mim, nunca enganaram. Eu fui tripudiada, humilhada pelo Salvaro várias vezes, e nunca ninguém me defendeu nessa Casa”. Ela lembrou que sequer as vereadoras mulheres foram solidárias.
“Sabíamos de possível corrupção em torno da Central”, apontou a vereadora. Após a vereadora exigir uma postura do Legislativo, o presidente Jair Alexandre se manifestou, informando que foi oficiado da prisão do prefeito pelo Gaeco durante o período da manhã, e que daí tomou as atitudes oficiais para providenciar a posse do vice Ricardo Fabris (MDB) na função de prefeito.
Zairo Casagrande (PDT) disse que “Criciúma não merece se afundar nessa lama que virou a disputa eleitoral” e apontou que o prefeito Salvaro acusou o governador Jorginho Mello de praticar tráfico de influência na operação que resultou na sua prisão.
“Mas essa política (tráfico de influência) sempre foi a política do prefeito Salvaro, usando seu prestígio no Judiciário contra pautas que não eram do seu interesse”, destacou. “Se existe tráfico de influência, não funcionou a favor dele dessa vez”. Para Zairo, Salvaro está “provando do próprio veneno” com uma prisão em meio a acirrada disputa política e “em campo pouco republicano”.
Assista como foi a sessão, com as omissões e os discursos.