Crescimento econômico no Sul: ‘como um avião decolando, e estamos dentro’
Até outubro, o saldo entre aberturas e fechamentos de empresas subiu 1,2% em comparação com o mesmo período de 2023
Os dados divulgados pelo Boletim de Conjuntura Econômica da Acic mostram um cenário positivo para a economia do Sul catarinense. Com oito dos nove indicadores analisados mostrando crescimento, a região se beneficia de um contexto macroeconômico favorável no Brasil. Em entrevista à coluna, o economista Murialdo Gastaldon avaliou que o Brasil está crescendo, e o Sul acompanha esse movimento. “É como um avião decolando, e estamos dentro.”
Os números do Sul mostram fôlego. Até outubro, o saldo entre aberturas e fechamentos de empresas subiu 1,2% em comparação com o mesmo período de 2023. Exportações e importações também cresceram, com altas de 13% e 23,3%, respectivamente. Isso sinaliza uma economia em movimento, com o aumento das importações indicando maior demanda por insumos e produtos.
Outro dado que chama atenção é o incremento na arrecadação de impostos: o ICMS teve alta de 7,1%, enquanto o IPVA cresceu 2,9%. O aumento de 3,8% na frota de veículos reflete não apenas o aumento da renda, mas também a confiança do consumidor em assumir financiamentos.
Ainda mais interessante são as movimentações bancárias: operações de crédito cresceram 9,4% e financiamentos imobiliários, 10,4%, descontando a inflação. Isso demonstra que, mesmo com juros elevados, há otimismo por parte de empresas e consumidores.
O único dado negativo foi a variação de -2,3% na geração de empregos entre janeiro e setembro de 2024, em comparação com 2023. Mas, segundo Gastaldon, “não houve mais demissões que contratações. O saldo de empregos é positivo, mas inferior ao do ano passado. Isso pode ser reflexo de um ritmo mais lento de recuperação em setores específicos”, supõe.
A boa notícia é que a situação não é alarmante, considerando que a contratação ainda supera os desligamentos. O cenário reflete ajustes naturais do mercado, que responde à transição de um período de desaceleração econômica global.
Impacto nacional na economia regional
Segundo Murialdo, o impacto do desempenho nacional reflete na economia regional: “O Brasil projetava um crescimento de 0,8% em 2023 e alcançou 2,9%. Em 2024, esperava-se 1%, mas deve fechar perto de 3,5%. Com o país em crescimento, todas as regiões se beneficiam”.
De fato, dados recentes do IBGE confirmam um crescimento robusto para 2024. A economia nacional foi impulsionada por uma queda significativa na inflação, de 12,13% em abril de 2022 para 4,76% nos últimos 12 meses. Essa estabilização permitiu ao consumidor recuperar parte de seu poder de compra, refletindo diretamente em setores como o varejo e a indústria.
Significa dizer que os números do Sul não devem ser vistos isoladamente, mas como parte de um panorama mais amplo. Por exemplo, enquanto as exportações cresceram 13% na região, o Brasil viu um aumento de 16,7% no mesmo período, segundo dados do Ministério da Economia. Esse alinhamento reforça a ideia de que o Sul está conectado a um movimento maior.
O que esperar para 2025?
A previsão é de continuidade no crescimento, ainda que moderado. Conforme lembra Gastaldon, o cenário internacional apresenta incertezas, mas a resiliência econômica brasileira é um ponto positivo. “O Sul precisa aproveitar esse momento para diversificar sua economia e investir em setores estratégicos, como tecnologia e educação”.
O desempenho econômico do Sul catarinense é uma peça do quebra-cabeça nacional. Apesar de desafios pontuais, os dados mostram que estamos no rumo certo, conectados ao crescimento do Brasil. Afinal, como lembrou o economista, estamos decolando junto com a economia brasileira.