Lula provoca enquanto Jorginho segue em Criciúma
Presidente Lula critica paralisação do Porto de Itajaí e promete retomada, ignorando embate com o governador Jorginho Mello
Enquanto Jorginho Mello participava de compromissos oficiais em Criciúma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou um evento em São Paulo para atacar, mais uma vez, a gestão estadual catarinense. O alvo da vez foi a paralisação do Porto de Itajaí, um dos maiores impasses entre o governo federal e o estado.
Lula subiu o tom e chegou a disparar: “não estou preocupado com o governador”. Foi durante o anúncio do túnel submarino entre Santos e Guarujá, que o presidente não poupou críticas: “Vou, possivelmente na semana que vem, a um estado cujo governador mais fala mal de mim. E vou também ao Porto de Itajaí fazer o que tem que ser feito”.
A fala foi uma clara indireta a Jorginho Mello, que tem se posicionado contra a tentativa do governo federal de federalizar o porto, um movimento que Lula defende como essencial para destravar a economia da região. “O porto ficou parado quase dois anos, e nós vamos colocá-lo para funcionar. Não estou preocupado com o governador, estou preocupado com o Brasil, com Santa Catarina e com a possibilidade das pessoas trabalharem”, completou.
Desde 2022, o terminal opera de forma precária, sem uma concessão definitiva, e a resistência de Jorginho Mello em aceitar a federalização tem sido um dos principais pontos de conflito com Brasília. O governador classificou a decisão do Planalto como “inaceitável” e prometeu judicializar a questão. Para ele, o movimento de Lula não passa de uma estratégia de imposição política, visando enfraquecer sua gestão.
Nos bastidores, a postura de Mello tem sido vista como uma tentativa de se consolidar como um dos principais nomes da direita no sul do Brasil, mantendo distância de qualquer aliança com o governo petista. No entanto, essa resistência pode acabar travando investimentos para Santa Catarina, deixando o estado à mercê desse embate político.
O novo episódio reforça a relação turbulenta entre os dois líderes. Em 2024, Lula já havia provocado Mello ao lamentar sua ausência na inauguração do Contorno Viário da Grande Florianópolis. O governador rebateu afirmando que a obra era financiada pelo setor privado e criticou a falta de investimentos federais na infraestrutura do estado.
Além disso, Mello já recusou reuniões estratégicas com o Planalto, como o encontro sobre a PEC da Segurança Pública. O movimento mais recente de uma aproximação com o MDB gerou desconforto entre bolsonaristas e levantou dúvidas sobre os próximos passos políticos.
Lula afirma estar “preocupado com Santa Catarina”, mas os movimentos também indicam que a guerra contra Jorginho Mello pode ser, na verdade, uma estratégia para minar a oposição no estado. Enquanto isso, Jorginho Mello se equilibra entre manter o embate com o Planalto e tentar garantir avanços para sua gestão.
A visita de Lula ao estado na próxima semana promete novos desdobramentos. A pergunta que fica é: Santa Catarina será beneficiada ou apenas usada como palco para um duelo de poder?