Quanto cada candidato já gastou na campanha para prefeito de Criciúma
Um dos candidatos já destinou 33% do gasto total só com advogados: veja quem
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou os dados parciais da prestação de contas dos candidatos à prefeitura de Criciúma para as eleições de 2024. As informações dão ênfase as diferentes estratégias e prioridades de campanha, mostrando como cada candidato está administrando os recursos e até onde já comprometeram os orçamentos. O limite de gastos permitido pelo TSE para todos os candidatos à prefeitura é de R$ 729.529,19.
Ricardo Guidi (PL) lidera o ranking de despesas, com um total de R$ 892.520,00, o que inicialmente ultrapassa o limite estabelecido, representando 122,34% do valor permitido. Mas se descontados os R$ 300 mil gastos em serviços advocatícios e outros R$ 80 mil destinados a serviços contábeis — que, segundo a advogada Gabriela Schelp, não são contabilizados dentro do limite eleitoral —, o valor efetivo gasto por Guidi seria de R$ 512.520,00, equivalente a 70,25% do limite.
A principal prioridade dele, conforme prestação de contas à Justiça Eleitoral, foi a produção de programas de rádio, TV e vídeo, que consumiram R$ 350 mil (39,21% do total gasto). Além disso, R$ 300 mil foram destinados a serviços advocatícios, o que representa 33,61% de todo o montante gasto até agora, chamando a atenção para um foco bem significativo na parte jurídica da campanha. Se seguir nesse ritmo de gastos, é provável que ele ultrapasse os R$ 1 milhão até o fim da campanha, passando o limite permitido.
Arlindo Rocha é o segundo que mais gastou
Arlindo Rocha (PT), o segundo maior gastador, já comprometeu R$ 248.732,22, representando 34,09% do limite permitido. A maior parte dos recursos foi destinada à produção de programas de rádio, TV e vídeo, com R$ 211.882,00 (ou 85,18% das despesas), indicando uma estratégia semelhante à de Ricardo Guidi, com grande foco em propaganda audiovisual.
Além disso, ele investiu R$ 18.840,00 em serviços prestados por terceiros e R$ 7 mil em impulsionamento de conteúdos digitais, sugerindo que ele busca reforçar a presença tanto na mídia tradicional quanto nas redes sociais. Se continuar nessa linha, Rocha poderá atingir um total de R$ 497.464,44 até o fim da campanha, mantendo-se abaixo do limite de gastos.
Kaminski adota estratégia mista
Julio Kaminski (PP) já gastou R$ 325.972,80, correspondendo a 44,68% do limite. Ele dividiu os recursos em diversas frentes, sendo que 39,53% (ou R$ 121.700,00) foi destinado a serviços prestados por terceiros, e 33,86% (R$ 104.235,00) foi aplicado na produção de programas de rádio, TV e vídeo.
Kaminski parece adota estratégia mista, com grande parte dos recursos alocados para serviços e produção de mídia, mas também mantendo um equilíbrio ao investir em múltiplas áreas da campanha. Se mantiver esse ritmo, ele deverá alcançar cerca de R$ 651.945,60 ao fim da campanha, também dentro do limite estabelecido.
Vaguinho investe na presença digital
Vagner Espíndola (PSD), com R$ 314.048,17 já gastos, atingiu 43,05% do limite permitido. A maior parte dos recursos (R$ 266.226,67, ou 87% do total) foi destinada a serviços prestados por terceiros, sugerindo uma forte dependência de parceiros e fornecedores externos para gerenciar a campanha.
Ele também investiu R$ 25 mil em impulsionamento de conteúdos digitais, sinalizando uma tentativa de equilibrar a visibilidade online com a operacionalização da campanha através de terceiros. Mantendo essa trajetória, Vagner pode atingir R$ 628.096,34 até o fim da campanha, permanecendo dentro do limite de gastos.
Godinho econômico
Jorge Godinho (Solidariedade) adotou uma postura econômica até o momento, comparado aos outros candidatos. Apenas R$ 2,7 mil em despesas, o que representa 0,38% do limite de R$ 729.529,19. Todo o gasto foi direcionado para publicidade por materiais impressos. A estratégia de baixo custo sugere que Godinho está apostando em uma campanha local, com poucos recursos e presença limitada nos meios de comunicação mais caros. Se continuar nessa linha econômica, ele encerrará a campanha com menos de R$ 5.500,00 gastos.
Ferrarezi não chegou a R$ 1,5 mil
José Ferrarezi (MDB) segue a mesma linha de modéstia nos gastos, tendo desembolsado R$ 1.320,00 até agora, o que corresponde a 0,18% do limite. O único investimento foi no impulsionamento de conteúdos digitais, o que indica uma aposta nas redes sociais para alcançar o eleitorado. Se ele mantiver essa tendência deve finalizar a campanha com menos de R$ 2.640,00 em despesas.
Os dados parciais mostram distinção nas estratégias dos candidatos. Ricardo Guidi e Arlindo Rocha estão investindo em mídias audiovisuais, o que denota a importância dada à comunicação massiva e ao alcance em larga escala. Kaminski e Vaguinho também distribuem os recursos entre serviços de terceiros e mídia, que parece uma tentativa de equilíbrio entre operacionalização e visibilidade.
Já Godinho e Ferrarezi fazem campanhas de baixo custo, com foco em impressos e redes sociais, respectivamente, o que pode indicar uma intenção de manter uma presença discreta ou de depender de estratégias mais segmentadas e direcionadas.
O que diz a legislação sobre o limite de gastos?
De acordo com a legislação eleitoral brasileira, os candidatos que excederem o limite de gastos estão sujeitos a punições severas. A Lei nº 9.504/1997, conhecida como a Lei das Eleições, estabelece que o candidato que ultrapassar o teto de gastos pode ser multado em até 100% do valor excedido.
Além disso, em casos mais graves, o candidato pode ter o registro de candidatura ou o diploma de eleito cassado, o que pode resultar na perda do cargo, mesmo após a eleição. O TSE monitora a prestação de contas e qualquer irregularidade pode comprometer a candidatura dos postulantes ao cargo de prefeito.