Cidadania
Não vai ter retorno do horário de verão em 2024
Decisão do governo Lula é baseada na baixa economia de energia e nos impactos sobre a saúde da população: entenda
Por
Redação
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu, nesta quarta-feira (16), que o Brasil não adotará o horário de verão em 2024. A decisão, que vem após anos de debates sobre os benefícios e malefícios da medida, mantém o país alinhado com a suspensão que foi iniciada no governo anterior, em 2019. Mas afinal, o que levou à permanência dessa escolha, e quais são os principais fatores que influenciaram o governo?
Razões para a suspensão
Historicamente, o horário de verão foi adotado no Brasil com o objetivo de economizar energia elétrica. A ideia era simples: com os dias mais longos no verão, adiantar os relógios em uma hora permitiria que a população aproveitasse mais a luz natural, reduzindo o consumo de eletricidade, especialmente durante os horários de pico.
No entanto, a eficácia dessa medida começou a ser questionada nos últimos anos. Com a mudança no perfil de consumo de energia, a redução da demanda no horário de pico não é mais tão significativa. O crescimento do uso de aparelhos eletrônicos, como computadores e aparelhos de ar-condicionado, fez com que o impacto do horário de verão na economia de energia se tornasse quase irrelevante. Estudos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostraram que a economia gerada pelo horário de verão diminuiu drasticamente, chegando a ser insignificante.
Argumentos contrários
Além da pouca economia energética, outros fatores pesaram na decisão do governo Lula. Especialistas apontam que a alteração do relógio pode ter efeitos negativos na saúde das pessoas. A mudança no ritmo biológico, especialmente no sono, gera impactos sobre o bem-estar, com relatos de aumento de cansaço, insônia e até mesmo de problemas cardíacos. O efeito sobre a produtividade e o humor da população também foi discutido, sendo uma das preocupações trazidas por entidades de saúde.
Adicionalmente, há argumentos relacionados à segurança pública, com o temor de que os dias mais escuros nas manhãs de verão aumentassem o risco de acidentes e crimes, especialmente em áreas mais vulneráveis.
O governo Lula, ao decidir pela não adoção do horário de verão em 2024, baseou-se em um balanço técnico de diferentes setores. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou que a medida, atualmente, traz mais inconvenientes do que benefícios práticos. “Com o cenário energético atual e as necessidades da nossa população, a adoção do horário de verão não se justifica”, disse Silveira em coletiva.
O governo também considerou que a estabilidade no fornecimento de energia, junto à diversificação das fontes energéticas, como o crescimento das energias renováveis (solar e eólica), permite que o Brasil mantenha uma segurança energética sem precisar recorrer a medidas como o horário de verão.
Impacto e recepção
A decisão de manter a suspensão do horário de verão recebeu reações mistas. De um lado, muitos brasileiros, principalmente aqueles das regiões Sul e Sudeste, se manifestaram favoravelmente, alegando que o horário de verão prejudicava sua rotina diária, afetando o sono e a qualidade de vida. Por outro lado, há quem veja a medida com saudosismo, lembrando que o horário de verão permitia aproveitar mais as horas de lazer no fim da tarde.
No setor produtivo, especialmente no comércio e no turismo, alguns empresários consideram que o horário de verão poderia estimular o consumo e aumentar as atividades ao ar livre, o que traria benefícios econômicos. Porém, essa visão não foi suficiente para alterar o rumo da decisão.