Cotidiano
Moradores de rua vivem até em árvores em Criciúma
Criciúma registra dez abordagens semanais envolvendo usuários de drogas: internação só ocorre com consentimento
Em Criciúma, moradores de rua estão ocupando espaços inusitados. No bairro Santa Bárbara, um homem foi flagrado vivendo em uma figueira ao lado da igreja. O caso chamou atenção da comunidade.
De acordo com um morador, que preferiu não se identificar, o homem mantinha colchão, cobertores e pertences na árvore. “Ele fazia da árvore a casa dele”, disse, abismado.
O padre Wilson Buss, da Paróquia Santa Bárbara, confirmou que três moradores de rua ficaram na região durante todo o mês de janeiro. “Eles não dormiam na árvore, mas deixavam as roupas lá”, contou o padre.
A Polícia Militar afirma que casos assim são comuns. De acordo com o tenente-coronel Mário Luiz Silva, comandante da Polícia Militar de Criciúma, essas pessoas costumam se concentrar nos bairros Pinheirinho e Centro.
“No Pinheirinho, eles residem. No Centro, buscam esmolas. Santa Bárbara fica no meio do caminho”, explanou. Ele destacou ainda que muitas vezes essas pessoas ocupam espaços privados e se recusam a sair. “A maioria das ocorrências envolve pequenos furtos e perturbação, geralmente sob efeito de drogas”, acrescentou.
Protocolo de abordagem social de Criciúma
A Secretaria de Assistência Social de Criciúma realiza ações diárias para atender essa população. Segundo Dudi Sônego, secretária da pasta, a abordagem começa com o acolhimento e encaminhamento para a UPA 24h Boa Vista ou para o consultório na rua.
Na unidade de saúde, os usuários passam por testes rápidos e avaliação médica. Caso aceitem o tratamento, assinam um termo de autorização para internação voluntária. Somente então são encaminhados a clínicas especializadas credenciadas pelo CIS-Macrosul.
Os dados do município apontam que, em média, 10 moradores de rua são abordados por semana no bairro Santa Bárbara.No entanto, a internação depende da vontade do usuário.
A situação não é exclusiva de Criciúma. Segundo o IBGE, o Brasil tem cerca de 281 mil pessoas em situação de rua. O consumo de drogas e a falta de políticas habitacionais agravam o problema.