Cotidiano
As histórias da Tia Elfi e de Navegantes se entrelaçam
Há mais de 50 anos na cidade, Tia Elfi pilota a cozinha do restaurante que leva o seu nome; os sabores do que ela prepara são inenarráveis
Quem conhece a Tia Elfi, e principalmente a comida que ela prepara há quase 35 anos no restaurante que leva seu nome, no Centro de Navegantes, corre grande risco de se apaixonar. Seja por uma senhora linda e gentil com doces olhos olhos azuis, seja por sua comida, tão deliciosa quanto às que as nossas avós preparavam.
Elfi Packer, 74 anos, aprendeu a cozinhar com a mãe e hoje toca sozinha a cozinha do restaurante, enquanto o filho Jaquison atende o salão e ajuda na limpeza. O local é modesto, mas o sabor de sua comida é inigualável e capaz de despertar as mais secretas memórias afetivas.
Ela cozinha em um imenso fogão à lenha acende por volta das 7h da manhã e na sua cozinha não entra nada químico, nem panela de pressão. Ela usa apenas ingredientes naturais, vegetais e temperos que escolhe pessoalmente na verdureira, onde diariamente é a primeira a chegar.
Amor à Navegantes
A história de amor de Tia Elfi com Navegantes é bem anterior à 22 de dezembro de 1989, quando inaugurou o restaurante, que abre de domingo a domingo. Aliás, trabalho é uma coisa que não a assusta. Elfi nasceu em Ibirama, se criou em Indaial e vive em Navegantes há mais de 50 anos.
Elfi veio para Navegantes com pouco mais de 20 anos, para se casar. “Saí vestida de noiva da casa de meus pais, casei na Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes e desde então essa passou a ser a minha cidade”, conta com os olhos marejados. A partir daí ela fez história como uma mulher de garra e determinação.
Elfi e seu marido, Ercides, moravam na quadra do mar, num local que era praticamente uma chácara no centro da cidade, de frente para a avenida Prefeito Juvenal Mafra, hoje uma das principais artérias viárias de Navegantes. Lá ela mantinha uma plantação de morangos, cultivava hortaliças, que vendia para vizinhos e para outras pessoas que vinham buscar sua produção em casa. No mesmo terreno criava vacas de leite.
Elfi também fazia diariamente 37 pães, que era a capacidade do forno à lenha que tinha na época, e nesse mesmo forno ela assava carnes. A produção das hortaliças, leite, pães e carnes garantia o sustento da família, juntamente com o que Ercides ganhava como pedreiro.
Ao mesmo tempo que Elfi criava os três filhos e cuidava da propriedade, ela também ajudava o marido na construção civil. “Naquela época ninguém ganhava de mim na betoneira”, conta aos risos.
E hoje, além de comandar sozinha a cozinha, Elfi ajuda o filho na gestão do restaurante. O mais curioso de tudo isso é que Elfi não foi alfabetizada. Porém entende de gestão como poucos. Sabedoria que o tempo e a vida lhe deram.