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Azul suspende voos em Jaguaruna: o que muda?

Cotidiano
Imagem do Aeroporto Regional Humberto Guizzo Bortoluzzi, em Jaguaruna
Foto: Ulisses Job

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Azul suspende voos em Jaguaruna: o que muda?

Azul deixa Jaguaruna, Latam segue operando. Entenda os impactos e o futuro da aviação na região Sul de Santa Catarina

TUBARAO

A decisão da Azul Linhas Aéreas de suspender suas operações no Aeroporto Regional Sul Humberto Ghizzo Bortoluzzi, em Jaguaruna (SC), continua gerando debates sobre o impacto para a região e para o setor da aviação regional no Brasil. Segundo o especialista em aviação Luiz Carlos Machado, a saída da Azul não está diretamente relacionada à baixa demanda, mas sim a um movimento maior de reestruturação da empresa.

Impacto da suspensão e o papel da Latam

Com a saída da Azul, a Latam será a única companhia operando em Jaguaruna, oferecendo voos diários para São Paulo (Guarulhos). Machado destaca que será necessário monitorar se a demanda anteriormente atendida pela Azul será absorvida pela Latam. “Vai se ter uma noção se aquele fluxo de passageiros que existia com duas companhias se mantém num percentual a ponto de a Latam providenciar talvez uma segunda frequência”, analisa.

Ainda assim, ele acredita que, no primeiro momento, a Latam manterá apenas um voo diário. A empresa também terá a oportunidade de avaliar o comportamento do mercado sem a concorrência direta da Azul e da Gol.

O motivo da saída da Azul

Ao contrário do que pode parecer, a saída da Azul não foi motivada pela baixa demanda de passageiros em Jaguaruna, mas sim por questões financeiras e operacionais da própria companhia. Segundo Machado, a Azul passa por uma crise severa, com fluxo de caixa reduzido e alto endividamento. “A Azul não tem mais fluxo de caixa, tem um endividamento muito alto, tanto é que está procurando alternativas junto ao grupo Abra, que controla a Gol. Além disso, o custo fixo da Azul é muito alto, pois opera uma malha muito diversificada, com aeronaves diferentes e centros de manutenção distintos”, explica o especialista.

Ele também destaca que muitas aeronaves da empresa estão paradas por falta de peças, o que tem levado a companhia a rever sua malha aérea e cortar rotas menos lucrativas.

O futuro de Jaguaruna e os desafios da aviação regional

A saída da Azul coloca Jaguaruna em uma posição delicada, pois a Latam será a única companhia aérea operando no aeroporto. Isso pode impactar os preços das passagens, já que não haverá concorrência direta. “A Latam vai usar Jaguaruna como um laboratório para entender como é operar sozinha em um aeroporto regional, o que pode influenciar na precificação das passagens”, alerta Machado.

Além disso, a aviação regional no Brasil enfrenta desafios estruturais significativos, como a falta de infraestrutura adequada em muitos aeroportos e a dependência excessiva do apoio governamental. “A solução passa por uma mudança de mentalidade das administrações locais, que precisam estruturar seus aeroportos para depois atrair companhias aéreas”, sugere Machado.

Como exemplo de iniciativas bem-sucedidas, ele cita o caso do Aeroporto de Santo Ângelo (RS), onde a comunidade local se mobilizou para realizar obras emergenciais e garantir a operação da Gol. “A comunidade não esperou pelo governo estadual e resolveu o problema sozinha, permitindo que a Gol passasse a operar na cidade”, relata.

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