Cotidiano
Entenda o Conclave: como se escolhe um novo Papa
O conclave é o tradicional processo de eleição de um novo papa, marcado por rituais religiosos e sigilo absoluto
O conclave é o tradicional processo de eleição de um novo papa, marcado por rituais religiosos e sigilo absoluto. Após a morte do papa Francisco, em 21 de abril de 2025, o Vaticano entrou em luto oficial de nove dias. Durante esse período, os cardeais do Colégio Cardinalício, atualmente composto por 252 membros, são convocados para preparar a escolha do próximo líder da Igreja Católica. A votação secreta acontece na Capela Sistina, onde a fumaça branca anuncia ao mundo que um novo papa foi escolhido.
Antes da votação, os cardeais se reúnem na Casa Santa Marta e participam de encontros para discutir os desafios da Igreja e perfis ideais para o pontificado. Apenas os cardeais com menos de 80 anos podem votar — são 135 atualmente, apesar do limite oficial de 120. O conclave começa com uma missa na Basílica de São Pedro e segue para a Capela Sistina, onde são realizadas até quatro votações por dia. Durante o processo, é proibido o uso de eletrônicos ou qualquer comunicação externa.
O procedimento de votação exige que cada cardeal escreva o nome do candidato em uma cédula, que depois é lida e queimada. Se ninguém atinge dois terços dos votos, a fumaça que sai da chaminé é preta. Quando alguém é eleito e aceita o cargo, uma substância especial faz a fumaça sair branca, sinalizando o fim do conclave. Logo após, é feito o anúncio oficial com a frase “Habemus Papam”, seguido da primeira bênção do novo pontífice à multidão.
Enquanto a Sé Vacante permanece, o carmelengo, atualmente o irlandês Kevin Farrell, atua como chefe de Estado do Vaticano, coordenando os funerais e a transição. O Colégio Cardinalício o auxilia na organização do conclave. O Brasil conta com oito cardeais no colégio, sendo que sete estão aptos a votar. Dom Raymundo Damasceno Assis, com 87 anos, não participa da votação, mas destacou em entrevista que o processo é conduzido com base na fé e na missão da Igreja, sem campanhas ou candidaturas políticas.
A composição do colégio reflete a diversidade buscada por Francisco em seu pontificado. Dos 252 cardeais, 149 foram nomeados por ele, e 108 deles são votantes. Embora a Europa ainda tenha o maior número de cardeais, apenas 46,5% dos europeus têm direito a voto. O restante está distribuído entre América do Sul, Ásia, África, América do Norte, América Central e Oceania, formando um grupo com forte representatividade global, especialmente das periferias, como desejava o papa Francisco.