Cotidiano
Governo Federal pode limitar a pesca da tainha em SC
Limitação seria aplicada à pesca de arrasto, predominante no estado, e visa proteger a espécie e a sustentabilidade da atividade
O governo federal está considerando a possibilidade de impor limites à pesca da tainha na modalidade de arrasto em Santa Catarina, onde a prática tem sido responsável por uma grande parte da captura dessa espécie. De acordo com o Painel de Monitoramento da Pesca da Tainha, em 2024, mais de 1,7 mil toneladas de tainha foram pescadas até agosto, majoritariamente com o uso de arrasto. A medida proposta visa garantir a sustentabilidade da pesca e a preservação do recurso natural.
Atualmente, o estado não estabelece limites para a pesca no mar territorial catarinense, e a modalidade de arrasto é a mais utilizada, especialmente nas áreas do litoral. O Ministério da Pesca e Aquicultura convocou o Grupo de Trabalho da Pesca da Tainha para discutir as implicações da proposta e os possíveis impactos na safra de 2025. A reunião ocorreu na quarta-feira (8).
O governo estadual, por meio de Tiago Frigo, secretário de Estado da Agricultura e Pesca, manifestou preocupações sobre os efeitos dessa limitação. Frigo destacou a importância cultural e econômica dessa atividade, que tem forte vínculo com a identidade local. “A pesca de arrasto de praia é fundamental para nossa cultura e economia. Estamos preocupados com essa sinalização do governo federal”, afirmou.
Santa Catarina é o maior produtor de tainha do Brasil, com 42 pontos de pesca distribuídos pelo litoral, sendo 22 deles em Florianópolis. Para pescadores como Eumir Correa, do Pântano do Sul, a medida pode afetar negativamente a economia local, que depende da safra de tainha para atrair turistas e impulsionar os negócios da região. “Florianópolis vive esses dois meses [da safra] em função da pesca da tainha. Isso gera empregos, movimenta restaurantes e comércio, além de atrair turistas”, destacou Correa.
A discussão sobre a limitação da pesca da tainha segue aberta, com o governo estadual buscando encontrar um equilíbrio entre a preservação da espécie e a manutenção de uma tradição que movimenta a economia de Santa Catarina.