Cotidiano
Laudo sobre morte de gato em mutirão de castração tem informações erradas e suspeita de plágio
Processos administrativos contra Prefeitura de Tubarão e empresa responsável serão abertos pelo tutor do animal
Por
Matheus Machado
O último mutirão de castração realizado na cidade de Tubarão ficou marcado por vários relatos negativos e casos de mortes de pets. William Antoniel, de 32 anos, era tutor da gata Avelã que faleceu no último dia 24 e relatou graves denúncias à reportagem do SCTodoDia. Dentre os fatos mencionados, estão erros como data do óbito documentada em laudo médico e peso do animal. Além disso, o tutor acusa que parte do laudo foi plagiado de um artigo científico.
Como aconteceu
William conta que chegou para a castração com sua gata em jejum e logo na triagem teve problemas. Segundo ele, a balança que pesava os pets estava ligando e desligando devido ao gerador de energia cair algumas vezes. Na oportunidade, a cidade teve quedas de luz registrada devido a um forte vendaval que atingiu a região. “Na segunda vez que pesaram, ela estava na caixinha e colocaram de qualquer jeito. Falaram que ela estava pesando 4 kg. Sendo sincero, eu nem consegui ver se a balança estava ligada, além de que pesaram junto à caixinha, não pegaram o peso exato dela”, relatou. Após o fato, Antoniel falou que achou a demora para o procedimento estranha, já que outras pessoas chegaram depois que ele e saíram do local antes. “Quando finalmente me chamaram foi para dizer que a gata estava morta”.
Ele disse que poucas explicações foram dadas e que ele deveria levar o animal dali, mas nenhum documento sobre o ocorrido foi feito. Transtornado, William voltou ao mutirão mais tarde junto com a gata e seu namorado, e pediram para que ela fosse pesada novamente. Sem a caixinha, ela estava com 3,35 kg. “Isso indica que a dose de anestesia dada a ela foi possivelmente errada”, contou. William informou que a gata foi congelada e que seria enviada através da organização do mutirão para a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para análise e confecção do laudo.
William em contato com a médica responsável pela ação do dia 24, disse que a doutora informou que em Tubarão não existe um local que trabalhe com necropsia e por isso foi concordado que o animal fosse enviado para Curitiba (PR). “Infelizmente não foi o que aconteceu. Recebemos o laudo assinado por uma médica veterinária que não faz parte da instituição. Encontrei um vídeo dela nas redes sociais onde ela fala que também trabalha com castração móvel. Isso dá margem para pensar que ela talvez seja parceira dele”, declarou. Ao pesquisar sobre a causa da morte explicada no laudo médico, William afirmou que encontrou um artigo acadêmico escrito da mesma forma. “Copia e cola, isso pode ser considerado plágio. Como um profissional qualificado não consegue escrever com as próprias palavras as características da doença que ela disse que minha gata tinha?”, alegou.
Laudo com erros
Além da acusação, a data do óbito informada no laudo era o dia 25 de outubro, às 9h30, sendo que o animal faleceu no dia anterior. O peso do animal também seguiu incorreto no documento. Posteriormente, uma errata apenas com a data corrigida foi enviada ao tutor. A médica-veterinária que assinou o laudo é a dra. Marjorie Prevedello. Ela foi procurada pela reportagem, mas até o momento não se posicionou.
Posicionamentos
Após o caso de Avelã e outras complicações e óbitos registrados, a Castramóvel Brasil se pronunciou em nota enviada ao portal NSC Total:
“Procedimentos cirúrgicos possuem risco de intercorrências, tanto que todos os tutores são cientificados disso. Cabe aos tutores zelar pela boa evolução de seus animais. Todos os atendimentos são realizados estritamente e em conformidade com os procedimentos médico-veterinários recomendados, recebendo medicação, receita e um contato do plantão 24 horas para atendimentos necessários em razão de intercorrências do pós-operatório”.
Na última semana, o diretor-presidente da Fundação Municipal de Meio Ambiente de Tubarão (Funat), Márcio Ronchi, concedeu algumas explicações em entrevista à Rádio Cidade. O posicionamento pode ser conferido clicando aqui. O prefeito de Tubarão, Jairo Cascaes (PSD), determinou que um processo administrativo seja aberto para apurar o caso. William Antoniel informou que está em contato com seus advogados e abrirá um processo administrativo contra a Castramóvel Brasil e a Prefeitura de Tubarão. Um boletim de ocorrência foi registrado e protocolado junto à Polícia Civil.